Portal IG – Para quem passou exatos 25 anos ocupando e frequentando palácios como deputado, senador e governador, é uma mudança e tanto. Está certo que Sérgio Cabral já havia se acostumado a cadeias — afinal, está preso desde 2016 —, mas vale lembrar que foi justamente a descoberta de regalias que desfrutava atrás das grades que o levou a ser transferido, na noite de anteontem, para uma penitenciária de segurança máxima. Ele trocou mordomias como um banquete de comida árabe e TV com acesso à internet no Batalhão Especial Prisional (BEP) da PM, em Niterói, pelo isolamento numa cela de cinco metros quadrados em Bangu 1, na Zona Oeste do Rio.
Nos dez primeiros dias na nova “casa”, de acordo com um prazo estabelecido pela Justiça, o ex-governador ficará em isolamento e dormirá em uma cama de alvenaria. Fora isso, a cela de Cabral só tem uma mesa e um banco, ambos de concreto, e um “boi”, espécie de latrina sem vaso sanitário, que nada mais é do que um buraco no piso.
Após vistorias no BEP, Cabral mudou de endereço com seis outros presos: o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira e o tenente Daniel Benitez, policiais militares condenados pela morte da juíza Patrícia Acioli; o vereador e PM reformado Mauro Rogério Nascimento de Jesus, o Maurinho do Paiol; e os capitães Marcelo Baptista Ferreira e Marcelo Queiroz dos Anjos. O juiz Bruno Monteiro Rulière, que participou de uma inspeção, entendeu que a transferência foi necessária pelo “interesse da disciplina e averiguação dos fatos” e pela “inadequação da unidade para acautelar os referidos internos”.
Bangu 1 foi construído em 1987 para abrigar detentos de maior periculosidade, e, por isso, também passou a ser chamado de Cofre. O presídio tem 48 celas, distribuídas por quatro galerias. Uma delas foi esvaziada para a chegada dos novos ocupantes, já que Rulière determinou que eles fiquem isolados dos outros detentos. Um cenário bem diferente do visto no BEP, onde Cabral e seus “vizinhos” circulavam por espaços ao ar livre e, segundo relatos de pessoas que participaram das vistorias, trancavam seus “quartos” por dentro.
Um relatório elaborado em 2016 pela Defensoria Pública do Estado do Rio descreve como é Bangu 1. As celas possuem portas de aço com trancas reforçadas e duas aberturas: uma para possibilitar uma visão de seu interior; e outra para a entrega de refeições. Os detentos só têm direito a duas horas de sol por dia, no corredor de cada galerias. A luz entra por um quadrado gradeado no teto.