Brasil, 30 de setembro de 2024
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Política

O que explica a recuperação da popularidade de Bolsonaro? Cientista político responde

Publicado em atualizado em 12/04/2022 às 07:39

Embora o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha recuperado parte da sua popularidade ao mesmo tempo em que o ex-presidente Lula dava declarações polêmicas sobre aborto e outros temas controversos, é temerário dizer que o primeiro movimento decorra do segundo. É o que diz o cientista político Marcus André Melo, professora da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) e ex-professor do MIT e da Universidade Yale (EUA).

De acordo com Marcus, do ponto de vista do conhecimento acumulado em ciência política, pode-se dizer que a guinada de Bolsonaro nas pesquisas já era mais do que esperada. “O ciclo da popularidade presidencial é conhecido: lua de mel no início do mandato; seguida de declínio nas taxas de aprovação; e finalmente elevação seis meses antes das novas eleições”.

O professor afirma que há estudos que mostram a ocorrência desse padrão não só nos Estados Unidos e na Europa, como também em países da América Latina. “O padrão em Chile, Costa Rica, Panamá e Argentina é muito similar ao dos EUA. No Brasil ele também foi identificado com pequenas variações: de Sarney a Dilma, a popularidade presidencial sobe no último semestre antes das eleições (salvo o governo de FHC 2), o que também ocorreu com o governo Lula 2”.

Uma das justificativas para a histórica reversão na curva da popularidade está no fato de que costuma haver ampla manipulação política da máquina e de políticas públicas em ano eleitoral. O impacto da máquina sobre o cenário eleitoral pode ser maior ou menor, a depender a ocorrência de fatores como guerras, escândalos ou pandemias.

No caso do Brasil de 2022, há ainda outros elementos catalisadores da recuperação de Bolsonaro, como o programa Auxílio Brasil e a perspectiva de recuo da candidatura de Sérgio Moro.

“É temerário atribuir a recuperação de Bolsonaro à recente movimentação pública bizarra de Lula. Mas se ainda não teve tempo de afetar a massa da opinião pública, ela certamente deflagrou enorme reação nos formadores de opinião e redes em geral”, complementa o professor.