Brasil, 22 de novembro de 2024
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Política

Na mira do TCU e sem decolar nas pesquisas, Moro deve desistir de candidatura a presidente

Publicado em atualizado em 04/01/2022 às 16:41

Depois de um lançamento festivo e rodeado de expectativas, a pré-candidatura de Sérgio Moro à Presidência empacou. O ex-juiz não consegue sair de índices de intenção de voto que variam entre 7% e 8% e já começa a rever o projeto nacional. Se não decolar até fevereiro, o que especialistas acham improvável, Moro deve desistir da postulação presidencial e se lançar ao Senado.

Novos levantamentos mostram que Moro tem dificuldade de penetrar junto aos eleitores do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Lula, que o rejeitam fortemente. E isso inviabilizaria uma vitória na eleição presidencial, já que os chamados eleitores de terceira via tendem a não ultrapassar 20%.

Diante de problemas políticos, que podem descambar para problemas jurídicos, Sérgio Moro avalia com aliados que não vale a pensa o risco de ficar sem mandato a partir de 2023. Além das suspeitas de parcialidade nos processos que julgou contra Lula, recaem agora sobre Moro suspeitas de ilegalidades nos contratos de consultoria que assinou depois de deixar a magistratura. 

Há 15 dias, o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), mandou a consultoria americana Alvarez & Marsal revelar os serviços prestados e os valores pagos a Moro, o que gerou apreensão nas hostes do ex-juiz. A avaliação é que o assunto poderia crescer no caso de uma candidatura nacional.

Sérgio Moro foi contratado pela Alvarez & Marsal logo depois de deixar o Ministério da Justiça. O problema que envolve esse contrato é que a Alvarez & Marsal é o escritório que atuou como administrador judicial da Odebrecht, empreiteira investigada pela Lava Jato, alvo de decisões de Moro, que conduziu os processos em Curitiba.

As suspeitas do TCU, de acordo com o subprocurador-geral do Ministério Público junto àquele Tribunal, Lucas Furtado, é de que Moro tenha atuado em um cenário de “conflitos de interesses, favorecimentos, manipulação e troca de favores entre agentes públicos e organizações privadas”. 

O temor morista é de que as investigações do TCU possam levar a abertura de uma investigação formal contra o ex-juiz e, consequentemente, a um processo criminal. Como senador ou presidente da República, Moro poderia responder perante o STF (Supremo Tribunal Federal) e não a um juiz de primeira instância.

Por enquanto, Moro nega o recuo e reafirma a pré-candidatura à Presidência. E, embora diga que continua sendo contra o foro privilegiado, o fato é que Moro se sentiria mais confortável com um mandato na mão, o que lhe garantiria justamente o famigerado foro privilegiado que ele sempre combateu.