Brasil, 29 de setembro de 2024
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Economia

O mundo do trabalho mudou e exige pressa na adaptação das relações de trabalho, aponta live promovida pela Fieg

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A pandemia do coronavírus primoveu rupturas em diversos áreas, sobretudo nas relações do trabalho. Essas transformações e os atuais desafios da empregabilidade foram debatidos em live promovida na quarta-feira (23) pelo Conselho Temático de Relações do Trabalho (CTRT) da Fieg.

O encontro, mediado pelo presidente do CTRT, Marley Rocha, contou com participação da superintendente regional do Trabalho em Goiás (SRTb/GO), Sebastiana de Oliveira Batista, e da chefe da Seção de Inspeção do Trabalho da SRTb/GO, Jacqueline Ramos Carrijo. A reunião foi acompanhada por lideranças industriais, empresários e profissionais das áreas de Recursos Humanos e Direito.

“A pandemia foi um salto nas ideias de todos sobre o mundo do trabalho e é preciso uma discussão séria sobre isso. O mundo do trabalho mudou e, quanto antes entendermos essa transformação, maior a chance de nos adaptarmos a essa nova situação. Temos uma legislação descompassada com a atual realidade e com o que a nova geração espera do mercado de trabalho”, avaliou Jacqueline Carrijo, ao falar sobre a alta informalidade presente nas relações do trabalho. Para ela, atualmente, a informalidade é problema em diversos setores econômicos e o corpo técnico reduzido para fiscalização muitas vezes é insuficiente para combate do problema.

Nesse sentido, a superintendente da SRTb/GO, Sebastiana Batista, sustentou a importância do trabalho em parceria com as empresas formais instaladas em Goiás. “Temos um Estado com 246 municípios e a Superintendência precisa assumir missões sociais muito grandes. Temos que nos planejar, procurando modernizar nossa atuação dentro do que podemos trabalhar, com as ferramentas que temos hoje”, afirmou. Para ela, é fundamental o diálogo com o setor produtivo para encontrar soluções em conjunto com os fiscais para os problemas apontados nas fiscalizações. “Isso traz frutos positivos. Não temos interesse em fechar empresas e acabar com vagas formais de emprego. Por isso, é importante que o empresário se antecipe ao problema e nos procure”, explicou.

O presidente da Câmara da Indústria da Construção (CIC) da Fieg, Sarkis Curi, reforçou que a informalidade é um mal hoje nas relações de trabalho, prejudicando empresas que se esforçam para se manter em conformidade. “Temos uma oferta grande de empregos, em torno de 4 mil novos postos somente neste ano no setor de construção civil. Por outro lado, não encontramos trabalhadores dispostos a trabalhar com carteira assinada. Precisamos encontrar uma forma de buscar esses trabalhadores para trazê-los à formalidade. Tem mão-de-obra, mas as pessoas não querem ficar presas a um contrato de trabalho”, desabafou sobre o atual cenário de escassez de trabalhadores no setor. Nesse sentido, foi proposta uma parceria entre Fieg e sindicatos patronais da base com a SRTb/GO para alavancar a formalidade no setor de construção civil.

Presente na reunião, o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado de Goiás (Simplago), Luiz Nogueira, fez coro à sugestão e afirmou que o setor de plásticos também sofre com a informalidade. “É um problema que assola o País e interfere diretamente na competitividade das empresas que buscam se manter dentro das regras.”

O presidente do CTRT, Marley Rocha, também sustentou a questão e alertou ainda para o fato de a indústria brasileira estar definhando diante da incapacidade de competir com empresas de outros países. “A cada dia que passa, perdemos mais capacidade. Hoje as indústrias que ainda conseguem se estabelecer no mercado é porque o produto tem um custo de produção ainda muito baixo. O Brasil tem muita capacidade criativa e disposição do trabalhador, mas faltam políticas públicas de apoio à industrialização no País.”

Paralelamente, Marley destacou que a legislação brasileira é muito complexa e muitas vezes o empresário não cumpre todas as obrigações, principalmente, por desconhecer todos os viés da norma ou, até mesmo, pela falta de capacidade financeira para se adequar. “Muitos são pequenos negócios, familiares inclusive, e a interdição da empresa pode causar o fim do negócio com fechamento abrupto, gerando prejuízos enormes que inviabilizam a atividade empresarial”, concluiu, ao avaliar possíveis desdobramentos de fiscalizações.

A live do CTRT foi acompanhada por mais de 50 empresários e contou com participação dos presidentes do Sinroupas, Edilson Borges, e do Conat, Eduardo Zuppani.