Metrópoles – As certezas em torno da candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD) ao Senado já não são tão grandes como eram semanas atrás. Ele anunciou pelas redes sociais a pré-candidatura por Goiás, mas seu papel no desenho do projeto econômico da pré-campanha de João Doria (PSDB) se tornou fundamental e pode criar um impasse para esses planos. A decisão sobre seu futuro deve ser tomada na próxima segunda-feira (21/3).
Meirelles está à frente da Secretaria de Fazenda e Planejamento de São Paulo. A princípio, o goiano disse que deixaria o cargo para focar na candidatura em Goiás até o final de fevereiro. Em seguida, afirmou que sairia no meio de março. Mas, até agora, ele não oficializou o desligamento e segue com um pé lá e outro cá. Enquanto isso, lideranças do PSD goiano buscam convencê-lo a permanecer na disputa.
No entorno de Doria, há a avaliação de que ele tem um papel crucial na campanha do tucano. Afinal, Meirelles comanda o comitê econômico, que será responsável por desenvolver as propostas de economia para Doria. Imagina-se que uma eventual candidatura ao Senado dividiria o foco.
Isso porque um dos trunfos do governo tucano a ser explorado na campanha é, justamente, o crescimento econômico do estado e as privatizações. Esses feitos tiveram grande participação do secretário de Fazenda.
Em Goiás, o PSD de Gilberto Kassab tenta incentivá-lo como candidato, pois seria um nome forte para representar o partido, com boas chances de vitória nas eleições deste ano. Ele tem mantido uma agenda de visitas a Goiânia, nos últimos meses, para se reunir com políticos locais, e estará na cidade novamente no início da próxima semana para bater o martelo sobre sua participação no pleito.
A informação que corre nos bastidores, no entanto, é que ele não estaria mais tão animado com a possibilidade de se candidatar, por causa de números de pesquisas eleitorais recentes. Um grupo de lideranças do PSD teria se esforçado para convencê-lo e mantê-lo no foco da candidatura, na última visita dele à capital goiana.
No final de janeiro, na pesquisa Serpes encomendada pela Associação Comercial, Industrial e dos Serviços de Goiás (Acieg), Meirelles apareceu com 11,1% das intenções de voto na estimulada, atrás apenas do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com 16,6%. Ele ficou entre os três, também, no índice de rejeição, com 5,5%, atrás de Perillo (24,7%) e do deputado federal Delegado Waldir (União Brasil), com 6,2%.
Em entrevista ao Metrópoles no final de fevereiro, além de expor que, caso eleito, terá como pauta principal no Congresso Nacional a aprovação das reformas tributária e administrativa, Meirelles afirmou que, ao se candidatar desta vez, compromete-se em não trocar o mandato para assumir qualquer cargo público.
Em 2002, ele foi o deputado federal mais bem votado em Goiás, mas não assumiu o posto. Preferiu trocá-lo pela função de presidente do Banco Central no governo Lula (PT). A situação marcou a trajetória e a relação dele com o eleitorado goiano.