Brasil, 02 de dezembro de 2025
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Política

Michelle responde críticas de filhos de Bolsonaro

“Eu tenho o direito de não aceitar isso, ainda que essa fosse a vontade do Jair"

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A presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, se manifestou nas redes sociais após sofrer críticas públicas dos filhos do marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por criticar a aliança do partido com Ciro Gomes (PSDB), no Ceará. Em nota nas redes sociais, nesta semana, a ex-primeira-dama disse respeitar os enteados, mas reforçou ter direito de se expressar.

“Eu tenho o direito de não aceitar isso, ainda que essa fosse a vontade do Jair (ele não me falou se é).” Ainda segundo ela, “antes de ser uma líder política, eu sou mulher, sou mãe, sou esposa e, se tiver que escolher entre ser política, mãe ou esposa, ficarei com as duas últimas opções”. Michelle também afirmou que Ciro Gomes foi quem rotulou o marido dela de “genocida”.

“Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhosa por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeita com a perseguição que ele tem sofrido?”, questiona a ex-primeira-dama.

Ela também alegou que Gomes não é de direita e que nunca defenderá os valores da direita. “Sempre será um perseguidor e um maledicente contra Bolsonaro.” Para ela, vencer o PT com Ciro seria “trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin”.

Ainda afirmou que, mesmo que Bolsonaro não concorde, as esposas são, muitas vezes, “chamadas a mostrar aos maridos que eles podem estar errando”. E finaliza: “No episódio de Fortaleza, eu fui apenas uma esposa defendendo o seu marido e a sua família de um homem que sempre nos atacou.”

Entenda

Os filhos de Bolsonaro, Flávio, Eduardo e Carlos – à exceção de Jair Renan – criticaram publicamente Michelle Bolsonaro por atitudes que consideram autoritárias dentro do grupo político da família.

A tensão veio à tona depois de Michelle, no domingo, durante agenda no Ceará, reprovar a articulação do deputado estadual André Fernandes, presidente do PL no Estado, que negociou aliança com Ciro Gomes. Segundo ela, a aproximação com o ex-ministro seria “inadmissível”.

Flávio Bolsonaro foi o primeiro a reagir. Ao colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, o senador afirmou que Michelle “atropelou” o próprio Jair Bolsonaro, que havia autorizado o movimento político de Fernandes. O senador classificou a postura como “autoritária e constrangedora”.

Após a fala do irmão mais velho, Eduardo Bolsonaro publicou que Flávio estava “correto” e afirmou que o deputado não poderia ser criticado por “obedecer ao líder”, em referência ao ex-presidente. Carlos Bolsonaro também reforçou o ataque à ex-primeira-dama e declarou que é preciso “respeitar a liderança do meu pai, sem se deixar levar por outras forças”.

O episódio expõe um racha raro no núcleo familiar bolsonarista. Michelle havia dito, no evento, que o PL no Ceará se precipitou ao buscar aliança com Ciro Gomes, que segundo ela “continua chamando a família de ladrão”. André Fernandes rebateu pouco depois e afirmou que, se houve precipitação, ela partiu do próprio Jair Bolsonaro, que autorizou as conversas.

Ciro Gomes, ao longo dos últimos anos, fez diversas críticas contundentes ao ex-presidente, incluindo acusações de corrupção e má condução da pandemia. O atrito ocorre num momento em que a família Bolsonaro tenta reorganizar sua estratégia política enquanto Jair Bolsonaro cumpre pena na sede da Polícia Federal, em Brasília.