Ex-primeira-dama gerou desconforto no partido após criticar aproximação com Ciro Gomes, no Ceará
Para a cúpula do PL, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro precisa alinhar a comunicação com as decisões do diretório. Membros da direção conversam com a esposa de Jair Bolsonaro (PL) desde domingo (30).
Conforme apurado pelo Poder360, os integrantes explicam que discursos como o que a presidente do PL Mulher fez no Ceará, quando criticou a aproximação do partido com Ciro Gomes (PSDB), demonstram desarticulação interna e prejudicam a sua imagem. Nesta terça-feira (2), haverá uma reunião emergencial em Brasília, às 15h, para tratar da tensão criada pela ex-primeira-dama.
O encontro deve contar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), Michelle, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (RN).
Entenda
Os filhos de Bolsonaro, Flávio, Eduardo e Carlos – à exceção de Jair Renan – criticaram publicamente Michelle Bolsonaro por atitudes que consideram autoritárias dentro do grupo político da família.
A tensão veio à tona depois de Michelle, no domingo, durante agenda no Ceará, reprovar a articulação do deputado estadual André Fernandes, presidente do PL no Estado, que negociou aliança com Ciro Gomes. Segundo ela, a aproximação com o ex-ministro seria “inadmissível”.
Flávio Bolsonaro foi o primeiro a reagir. Ao colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, o senador afirmou que Michelle “atropelou” o próprio Jair Bolsonaro, que havia autorizado o movimento político de Fernandes. O senador classificou a postura como “autoritária e constrangedora”.
Após a fala do irmão mais velho, Eduardo Bolsonaro publicou que Flávio estava “correto” e afirmou que o deputado não poderia ser criticado por “obedecer ao líder”, em referência ao ex-presidente. Carlos Bolsonaro também reforçou o ataque à ex-primeira-dama e declarou que é preciso “respeitar a liderança do meu pai, sem se deixar levar por outras forças”.
O episódio expõe um racha raro no núcleo familiar bolsonarista. Michelle havia dito, no evento, que o PL no Ceará se precipitou ao buscar aliança com Ciro Gomes, que segundo ela “continua chamando a família de ladrão”. André Fernandes rebateu pouco depois e afirmou que, se houve precipitação, ela partiu do próprio Jair Bolsonaro, que autorizou as conversas.
Ciro Gomes, ao longo dos últimos anos, fez diversas críticas contundentes ao ex-presidente, incluindo acusações de corrupção e má condução da pandemia. O atrito ocorre num momento em que a família Bolsonaro tenta reorganizar sua estratégia política enquanto Jair Bolsonaro cumpre pena na sede da Polícia Federal, em Brasília.
