Brasil, 22 de outubro de 2025
Siga Nossas Redes
Internacional

Sarkozy leva clássico O Conde de Monte Cristo para ler na prisão

Assim como Edmond Dantès, protagonista do livro, Sarkozy se coloca no papel do injustiçado que resiste à humilhação e espera o momento em que “a verdade prevalecerá” — frase que escreveu nas redes sociais pouco antes de entrar na prisão

Publicado em atualizado às 14:29

Ao se apresentar à prisão de La Santé, em Paris, para cumprir pena de cinco anos por acusações de financiamento ilegal de campanha com recursos da Líbia, Nicolas Sarkozy levou consigo dois livros: A Vida de Jesus, de Ernest Renan, e O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. A informação é da BBC News Brasil. A escolha não foi casual: o romance de Dumas narra a história de um homem traído, condenado injustamente e que, anos depois, busca justiça contra seus acusadores.

Sarkozy, que se declara inocente e diz ser vítima de perseguição política, parece ter usado o gesto como uma mensagem simbólica. Assim como Edmond Dantès, protagonista do livro, o ex-presidente francês se coloca no papel do injustiçado que resiste à humilhação e espera o momento em que “a verdade prevalecerá” — frase que escreveu nas redes sociais pouco antes de entrar na prisão.

Em O Conde de Monte Cristo, Dantès é preso ao ser vítima de uma trama política e, durante seus anos na prisão, fortalece-se, busca conhecimento e planeja sua reabilitação. Ao carregar o livro consigo, Sarkozy transmite a ideia de que também enfrenta uma punição que considera ilegítima, e que sua prisão é resultado de vingança ou conspiração.O próprio Sarkozy escreveu: “Não tenham pena de mim… mas sinto profunda tristeza por uma França humilhada por um desejo de vingança”. A menção à vingança remete diretamente ao enredo de Dumas, onde poder e justiça são colocados em conflito.

Desde o início do processo, Sarkozy insiste que o caso tem motivação política. Ao escolher esse clássico, ele reforça sua narrativa de resistência, coragem e dignidade diante da adversidade. Ao mesmo tempo, projeta uma imagem de introspecção, cultura e estoicismo — alguém que enfrenta a prisão não com revolta, mas com altivez.

O gesto também tem força teatral e midiática. Um ex-presidente, caminhando para a cadeia com um dos romances mais famosos sobre injustiça e redenção, cria uma imagem que ecoa na opinião pública e na história.

Paralelo entre literatura e a política

Sarkozy não é apenas um personagem da política francesa: tenta se colocar, agora, como personagem de uma tragédia moral. Em O Conde de Monte Cristo, Dantès passa de prisioneiro a símbolo de justiça. Sarkozy tenta, à sua maneira, sugerir ao público francês e internacional que sua história também será reinterpretada no futuro.