Brasil, 09 de setembro de 2025
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Política

CPMI do INSS: Lupi diz que não informou Lula sobre fraudes

"As conversas com o presidente da República são sempre de macropolíticas”

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Ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) disse, durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na segunda-feira (8), que não informou o presidente Lula (PT) sobre o caso. Segundo ele, as conversas com o Chefe do Executivo eram sobre “macropolíticas”.

“Não, em nenhum momento. Aliás, as conversas com o presidente da República são sempre de macropolíticas”, respondeu Lupi ao ser questionado pelo relator, Alfredo Gaspar (União-AL). O senador questionou se Lupi se Lula havia sido informado sobre as irregularidades.

Ainda segundo o ex-ministro, Lula soube do esquema após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Sem Desconto, em abril deste ano. Ele citou, ainda, que as primeiras denúncias surgiram em 2016, mas o caso foi arquivado por decisão judicial. Em 2020, novamente, mas também não houve avanço. Somente em 2023 é que o INSS e a PF deram andamento ao caso.

“Talvez minha maior falha tenha sido não dar dimensão ao tamanho do rombo que era isso”, disse ao ressaltar que só teve dimensão do problema com a operação. Durante a sabatina, ele também afirmou que não conhece Antônio Carlos Camilo, o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti – suspeitos apontados como principais articuladores do esquema.

Lupi deixou a pasta em 2 de maio. O pedido de demissão ocorreu 15 dias após a operação da Polícia Federal que expôs as cobranças indevidas feitas por entidades na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.

“Entrego, na tarde desta sexta-feira (2), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, declarou Lupi em uma rede social, à época.

Sobre o caso, as investigações indicam que, entre 2019 e 2024, entidades ligadas ao INSS desviaram R$ 6,3 bilhões por meio de descontos não autorizados nas aposentadorias e pensões. Embora Lupi não seja formalmente investigado, o escândalo gerou forte pressão política.

Segundo a Polícia Federal, associações e sindicatos firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, o que lhes permitiu aplicar descontos diretamente na folha de pagamento de beneficiários — muitas vezes sem o consentimento dos mesmos.