Brasil, 04 de agosto de 2025
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Política

Atuação inexpressiva no Senado não credencia Wilder a disputar o governo de Goiás

Não se tem notícia de projetos de lei de interesse público de autoria de Wilder. Ele não presidiu nenhuma comissão, não relatou matérias importantes nem frequentou a tribuna para os debates na Casa. "É um senador anônimo, invisível", avalia um jornalista que cobre a área política

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O senador Wilder Morais (PL-GO) está completando 11 anos no Senado Federal, mas não se sabe o que efetivamente ele faz por Goiás ou mesmo que matéria relevante apresentou ao longo de dois mandatos – o primeiro, quando substitui Demóstenes Torres em 2012, e o segundo, alçado em 2022 à Câmara Alta pegando carona na popularidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Empresário do ramo da construção civil, Wilder transita no baixo clero do Congresso Nacional. No jargão político, baixo clero é uma expressão usada para designar parlamentares com pouca expressão, que se movem principalmente por interesses provincianos ou pessoais e não possuem influência nos processos políticos importantes do Parlamento.

Não se tem notícia de projetos de lei de interesse público de autoria de Wilder. Ele não presidiu nenhuma comissão, não relatou matérias importantes nem frequentou a tribuna para os debates na Casa. “É praticamente um senador invisível, que imprime ao mandato parlamentar a marca do anonimato político”, avalia um jornalista que cobre a área política.

Aliás, a única vez que o senador goiano ganhou espaço na imprensa nacional foi por promover convescotes à bordo de um iate nas águas do Lago Paranoá. Numa dessas festas, apareceu vestido com a farda completa da Polícia Militar de Goiás, o que levantou polêmica pelo uso indevido do uniforme e acabou rendendo críticas da corporação, que apontou na fantasia crime previsto no Código Penal Militar.

Se no Senado Wilder é uma figura apagada, o mesmo não se pode dizer da sua vida pessoal, pontilhada por ostentação de riqueza e luxo. São frequentes registros nos seus perfis nas redes sobre de viagens internacionais, jatinhos, helicópteros, embarcações, propriedades rurais – e, claro, de grandes festas, como a que comemorou seu aniversário no mês de julho último na Fazenda Toca da Orca, em Nerópolis.

Também chama a atenção na vida de Wilder uma interminável novela familiar: a ruidosa relação que mantém com a ex-mulher, a hoje advogada Andressa Mendonça, que, entre outras rusgas, processou o senador por deixar de pagar a pensão alimentícia para os dois filhos do casamento cm ele. 

Revoltada, Andressa afirmou que apesar de ser “dono de uma ilha e de um jato avaliado em R$ 35 milhões”, o senador e empresário argumentava que os dois filhos do casal pesavam no seu orçamento e que não tinha condições de arcar com os valores. Wilder foi ao Judiciário com ação contra a ex-mulher por difamação e injúria, mas perdeu. 

O parlamentar teria passado a pagar metade do valor devido alegando falta recursos financeiros. Diante disso, a ex-mulher publicou um desabafo: “o senador patriota e da família mantém contas bancárias repletas de dígitos em paraísos fiscais, como o Panamá, e empresas na Colômbia. E, agora, Wilder conquistou mais um dinheirinho para aumentar sua poupança, como se não bastasse tudo o que tem: ele entrou na justiça pedindo para cortar à metade a pensão dos filhos”.

É com o histórico de uma passagem no Senado sem resultados para Goiás e uma tumultuada vida pessoal que Wilder sonha agora em disputar o governo estadual em 2026. Para isso, não hesita até em ir contra o agronegócio goiano ao apoiar as tarifas do presidente norte-americano Donald Trump e culpar o Supremo Tribunal Federal pela sanções, avalizando o discurso antidemocrático da família Bolsonaro. Resta saber se o eleitor de Goiás vai cair no enredo de Wilder e da tropa bolsonarista.