Durante a inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), nesta segunda-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou sua crença de que o Brasil assumirá o protagonismo no cenário global da transição energética. De acordo com Lula, o país reúne os recursos e o conhecimento necessários para liderar essa transformação, especialmente em fontes renováveis como etanol, biodiesel e hidrogênio verde.
“A energia passa a ser o ouro do momento e é aí que o Brasil pode ser o país mais importante dessa transição energética”, afirmou.
Segundo o presidente, o mundo vive um momento de redefinição de prioridades energéticas, e o Brasil tem muito a oferecer — não apenas em bens materiais, mas também em inovação e tecnologia. “Temos muita coisa para vender lá fora. Não apenas nossos produtos, mas as ideias deste momento em que o mundo está vivendo”, disse, destacando também o papel do país na construção de uma agenda internacional de sustentabilidade e energia limpa.
Confiança e previsibilidade como base para atração de investimentos
Lula também tratou da importância da estabilidade política e institucional para estimular o investimento estrangeiro. “Não conheço nenhum empresário estrangeiro, nenhum investidor, que vai investir em um país em que ele não acredite na política, na economia e nas coisas que estão acontecendo”, afirmou. Para ele, cabe ao Estado não necessariamente investir diretamente, mas garantir condições para que os investimentos privados aconteçam com segurança.
“O Estado não tem que ser investidor. Tem que ser garantidor. […] Tem que vender uma coisa muito importante: as pessoas acreditarem que as coisas vão acontecer de fato e de direito. A chamada previsibilidade”, reforçou. Ele defendeu que esse ambiente de confiança está sendo reconstruído desde o início de seu atual mandato e lembrou: “É assim que começamos a fazer no Brasil”.
Críticas ao passado recente e retomada da credibilidade internacional
Em tom crítico, Lula fez referência ao período anterior ao seu governo como um “tempo de obscurantismo”, em que o Brasil foi isolado diplomaticamente. “Ninguém queria receber o presidente do Brasil e ninguém queria visitar o presidente do Brasil”, disse. Para ele, esse afastamento resultou na perda de relevância do país no cenário internacional.
Agora, segundo o presidente, a situação é outra. Ele mencionou encontros com dezenas de chefes de Estado e reuniões com blocos e países estratégicos: “Já estive reunido com 45 países da União Africana, com 27 da União Europeia, com 33 países da América Latina e do Caribe, com a China, a Índia, Indonésia, Malásia e com muitos outros países, inclusive muitas reuniões com os Estados Unidos”. Lula destacou também a cooperação bilateral com os EUA na área de energia renovável produzida a partir do álcool.
Soberania nacional e minerais estratégicos
O presidente também demonstrou preocupação com o interesse estrangeiro sobre os chamados “minerais críticos” e “terras raras”, recursos estratégicos para a transição energética. Lula ironizou o fato de países como os Estados Unidos buscarem acesso privilegiado a essas riquezas. “Se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que vou deixar para outro pegar?”, questionou.
Ele informou que o governo criou uma comissão especial para mapear as riquezas do subsolo brasileiro, uma vez que apenas 30% do território foi explorado até o momento. “Temos que dar autorização para empresas pesquisarem sob o nosso controle. Na hora que ela achar [a riqueza], ela não pode vender sem conversar com o governo e muito menos vai poder vender a área que tem o minério”, explicou. Para Lula, a prioridade é clara: “Aquilo é nosso, de uma pessoa chamada ‘povo brasileiro’, e o povo tem que ter direito de usufruir da riqueza que essas coisas podem produzir. Simples assim”.