Brasil, 25 de setembro de 2024
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Goleiro bicampeão do mundo com o Brasil colaborou com ditadura, diz deputado

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Goleiro bicampeão da Copa do Mundo com a seleção brasileira em 1958 e 62, Gylmar dos Santos Neves colaborou com a ditadura e era “despachante” do DOI-CODI. A triste revelação foi feita nessa semana pelo deputado estadual por São Paulo, Adriano Diogo (PT), que foi torturado por 90 dias nas dependências do CODI em 1973.

“[Gylmar] andava pelos andares da delegacia, onde se torturavam e matavam presos”, lembra Adriano.

“Ao ficar tanto tempo preso no mesmo lugar, você cria proximidade com os carcereiros e eu vi o Gylmar nos corredores da delegacia muitas vezes. E perguntei: ‘Mas aquele não é o ex-goleiro Gylmar?’ Foi assim que eu soube o que ele fazia”.

Militante de causas relacionadas aos Direitos Humanos desde que a ditadura acabou, Adriano investigou mais a fundo o papel do bicampeão do mundo naquela estrutura: “Ele esquentava a documentação de carros apreendidos em capturas de opositores pela Operação Bandeirante [Oban] e vendia carros da GM, Opalas e Chevettes para militares e delegados sem cobrança de impostos, por meio de autorização especial obtida por ele no governo federal”.

Adriano continua: “Pelos bons serviços prestados à ditadura e à General Motors, ganhou uma imponente concessionária da multinacional no Tatuapé, zona leste paulistana, por meio da qual favorecia seus amigos da repressão em parceria com Ricardo Izar, seu cunhado e deputado que apoiava a ditadura”.

Gylmar é até hoje considerado o melhor goleiro brasileiro da história e é ídolo tanto do Santos, quanto do Corinthians. Morreu em 2013, aos 83 anos.