
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Nobel da Literatura em 2010, morreu neste domingo, dia 13, em Lima. O falecimento foi anunciado pelo filho, Álvaro Vargas Llosa: “É com profundo pesar que anunciamos que nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, cercado pacificamente por sua família.”
“Sua partida entristece seus parentes, amigos e seus leitores ao redor do mundo, mas nos consola saber que ele teve uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa atrás de si uma obra que o sobreviverá. Agradecemos de coração o carinho e o apoio recebidos e pedimos que sejam respeitadas nossas instruções. Não haverá nenhuma cerimônia pública. No momento da despedida final, nossos pensamentos estarão com todos que o leram e o admiraram. Após o adeus em família, seus restos, conforme sua vontade, serão cremados”, assinalou.
O escritor era admirado por sua descrição das realidades sociais em obras como A Cidade e os Cachorros e Tia Júlia e o Escrivinhador. Na política, seus posicionamentos liberais provocaram hostilidade em meio aos intelectuais de esquerda. Ele disputou a Presidência do Peru, mas foi derrotado por Alberto Fujimori.
Em suas dezenas de romances, peças e ensaios, Vargas Llosa contou histórias de vários pontos de vista e experimentou diferentes formas, avançando e retrocedendo no tempo e trocando narradores.
Seu trabalho atravessou gêneros e o estabeleceu como uma figura fundamental em uma geração de escritores que levou ao ressurgimento da literatura latino-americana nas décadas de 1960 e 1970.
Seus livros frequentemente examinavam as relações perturbadoras entre líderes e seus súditos. “A Festa do Bode” (2000) detalha o regime brutal do ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo, enquanto “A Guerra do Fim do Mundo” (1981) conta a história real de Antônio Conselheiro, um pregador fanático cujos seguidores morrem em uma guerra mortal com o exército brasileiro na década de 1890.
“Nós, latino-americanos, somos sonhadores por natureza e temos problemas para diferenciar o mundo real e a ficção. É por isso que temos ótimos músicos, poetas, pintores e escritores, e também governantes tão horríveis e medíocres”, sublinhou em uma de suas entrevistas.