
O financista Armínio Fraga defendeu neste fim de semana o congelamento do salário mínimo em termos reais por seis anos. A proposta foi apresentada durante sua participação na Brazil Conference, evento realizado na Universidade de Harvard e no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Cambridge, nos Estados Unidos. A fala foi registrada pelo portal UOL Economia, que acompanhou o debate.
Ele sugeriu que, durante seis anos, o piso nacional seja corrigido apenas pela inflação, ou seja, sem qualquer aumento real. Armínio Fraga foi presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso.
A defesa do congelamento do piso salarial ignora o papel histórico do salário mínimo como instrumento de distribuição de renda, valorização do trabalho e estímulo à atividade econômica. Trata-se de uma proposta que, ao propor sacrifícios apenas para os trabalhadores e beneficiários da Previdência, desconsidera qualquer debate sobre a concentração de renda, lucros financeiros ou taxação de grandes fortunas.
A Brazil Conference, tradicionalmente marcada pela presença de nomes do mercado e do poder público, voltou a ser palco de ideias que refletem os interesses do topo da pirâmide social. Ao propor o congelamento do salário mínimo por um período tão extenso, Armínio Fraga reitera uma visão de país onde os mais pobres devem pagar a conta dos ajustes fiscais, enquanto os setores mais privilegiados seguem blindados de qualquer esforço redistributivo.