
Em discurso ao Congresso dos Estados Unidos, na madrugada desta quarta-feira (4), o presidente Donald Trump anunciou novas tarifas contra países que impõem tributação sobre produtos americanos. Ele citou o Brasil entre as nações que, segundo ele, cobram “tarifas imensas” dos Estados Unidos. E marcou data para sobretaxação: 2 abril de 2025.
“Muitos países usam tarifas contra nós há décadas, nós começaremos a usar contra eles”, declarou Trump, citando especificamente União Europeia, China, Brasil, Índia, México e Canadá, além de outras nações. “Aquilo que qualquer país nos tributarem, nós tributaremos de volta”, disse o presidente, segundo registro da Reuters.
Trump disse que medida faz parte de sua política de proteção à economia americana e reforçou o argumento de que os EUA foram “roubados por décadas” em relação ao comércio internacional. “Não vamos deixar que isso aconteça mais”, assinalou.
Nos últimos dias, Trump anunciou tarifas sobre produtos como aço, alumínio e etanol, o que afeta diretamente o Brasil. O etanol brasileiro entra no mercado americano com tarifas mais baixas do que as cobradas no Brasil sobre o etanol dos EUA, algo que Trump classificou como uma desvantagem para os produtores americanos.
A política tarifária da administração Trump tem gerado forte reação internacional, com promessas de retaliação por parte de países afetados. Economistas alertam para os riscos de uma escalada protecionista que pode prejudicar o comércio global. “Pode ter um período meio complicado, mas vai dar tudo certo”, disse Trump, minimizando os impactos negativos.
O discurso no Congresso foi o primeiro de Trump desde sua posse para o novo mandato. No pronunciamento, ele fez um balanço autoelogioso dos primeiros 40 dias de governo, destacando a adoção de medidas como maior rigor nas fronteiras, cortes em regras de inclusão e a retirada dos EUA de organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Comissão de Direitos Humanos da ONU e o Acordo de Paris sobre o clima.
Trump também celebrou a redução no número de travessias ilegais na fronteira sul dos EUA, que em fevereiro registrou menos de 9 mil prisões, o menor número desde a década de 1980. “Eles ouviram minhas palavras e escolheram não vir. Muito mais fácil assim”, declarou.
O presidente ainda defendeu cortes de gastos do governo federal e insinuou que houve fraudes na administração de seu antecessor, Joe Biden. Segundo ele, a redução desses gastos ajudará a equilibrar o orçamento e a conter a inflação, reforçando sua promessa de um governo financeiramente mais eficiente.
Embora o pronunciamento tenha seguido o modelo dos tradicionais discursos do Estado da União, que são feitos anualmente pelos presidentes americanos, ele não teve esse caráter por ser o primeiro no ano da posse.