Brasil, 08 de março de 2025
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Lula diz que Trump vive de bravatas e defende direito do Brics a transações desdolarizadas

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu nesta quarta-feira (4) as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 100% sobre mercadorias do BRICS caso o bloco siga com o plano de substituir o dólar nas transações comerciais entre seus membros. Lula acusou Trump de viver de “bravatas” e afirmou que os Estados Unidos estão se “isolando do mundo”, ressaltando que o país não pode ameaçar as nações indefinidamente.

Em entrevista a rádios de Minas Gerais, Lula afirmou que Trump utiliza um estilo político baseado em ameaças. “Tem um tipo de político que vive de bravata. O presidente Trump fez a campanha dele assim, e agora, na presidência, já anunciou que vai anexar a Groenlândia, tomar o Canadá, mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América e reocupar o Canal do Panamá”, declarou. Lula enfatizou que “nenhum país, por mais importante que seja, pode brigar com todo mundo o tempo inteiro”. O presidente brasileiro ainda acrescentou que o BRICS, que reúne quase metade da população mundial e representa uma parte significativa do comércio global, tem o direito de discutir alternativas ao dólar para as transações internacionais.

A declaração de Lula foi uma resposta direta às ameaças feitas por Trump na semana passada, quando o ex-presidente dos EUA afirmou que, se o BRICS persistir em sua intenção de criar uma alternativa ao dólar, os países membros enfrentariam tarifas elevadas. Trump, através de sua rede social, Truth Social, declarou: “Vamos exigir que esses países, aparentemente hostis, se comprometam a não criar uma nova moeda do BRICS ou apoiar qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano. Caso contrário, enfrentarão tarifas de 100% e podem dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia dos EUA.” Essa postura de Trump reflete uma tentativa de pressionar o bloco a desistir da ideia de uma moeda alternativa que possa reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais.

Lula, por sua vez, rejeitou essa tentativa de intimidação. Para o presidente brasileiro, o BRICS não deve se preocupar com as “bravatas de Trump”. “Precisamos discutir o que é importante para nós e para o mundo”, disse Lula, acrescentando que, caso as tarifas sejam aumentadas, o Brasil e os outros países do BRICS adotarão uma postura de “reciprocidade”. O bloco, composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além de outros países convidados como Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã e Arábia Saudita, está ampliando sua influência global e busca explorar formas de comércio que não dependam exclusivamente do dólar americano.

A ideia de uma moeda comum para o BRICS é uma bandeira de Lula, que assumirá a presidência do grupo em 2025. A proposta visa proporcionar uma maior autonomia econômica aos países emergentes, que juntas têm uma presença significativa no comércio mundial. Apesar das ameaças, o governo brasileiro segue firme na ideia de promover um sistema de comércio mais diversificado e menos vulnerável às flutuações do dólar.