Brasil, 04 de julho de 2025
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Mundo reage negativamente à fala de Trump sobre expulsar palestinos de Gaza

Publicado em atualizado às 14:34

O mundo tem reagido de maneira negativa à declaração fantasiosa do presidente Donald Trump de que os EUA “assumiriam” o controle e seriam donos da Faixa de Gaza.

A proposta de Trump foi amplamente rejeitada por países do Oriente Médio, por nações europeias e também por organizações multilaterais, como as Nações Unidas. A ONU a classificou como “muito surpreendente”, o Hamas a chamou de “racista”, o ex-presidente Lula a considerou “sem sentido” e a Turquia a classificou como “inaceitável”, entre outras reações.

“Os palestinos não vão a lugar nenhum. Este presidente só pode despejar essa baboseira fanática por causa do apoio bipartidário no Congresso ao financiamento do genocídio e da limpeza étnica. Está na hora de meus colegas que defendem a solução de dois Estados se manifestarem”, disse a deputada democrata e palestino-americana Rashida Tlaib.

“Ele perdeu completamente a noção. Uma invasão dos EUA em Gaza levaria ao massacre de milhares de soldados americanos e a décadas de guerra no Oriente Médio. Parece uma piada de mau gosto e doentia”, afirmou o senador democrata Chris Murphy.

Na terça-feira (4), o presidente Donald Trump, ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, declarou que os EUA assumirão o controle e se tornarão os donos da Faixa de Gaza. Ele acrescentou que “as mesmas pessoas” (palestinos) não deveriam ser responsáveis pela reconstrução e ocupação da região. Trump afirmou ainda que enxerga os EUA mantendo uma “posição de posse de longo prazo” sobre o território.

“Em vez de [os palestinos] terem que voltar e reconstruí-la, os EUA vão assumir a Faixa de Gaza, e vamos algo com ela. Vamos tomar conta”, disse Trump, afirmando que seu país poderia liderar o processo de reconstrução.

“Ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, ele disse.

Trump fez a declaração na Casa Branca, em Washington, acompanhado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que foi o primeiro líder estrangeiro a ser recebido durante o segundo mandato do presidente republicano.

Netanyahu não comentou diretamente sobre o plano de Trump para Gaza, mas destacou que os objetivos de Israel na região incluem a libertação dos reféns e a eliminação das ameaças à segurança do país provenientes do território palestino.

Em conversa com jornalistas, Trump mencionou seus planos de visitar Gaza, Israel e a Arábia Saudita, embora não tenha fornecido uma data para essas viagens.

Mais cedo nesta terça, Trump afirmou que a única alternativa dos palestinos que vivem na Faixa de Gaza seria deixar o território. Uma ideia apoiada pela extrema direita israelense, e que constituiria em uma limpeza étnica, segundo analistas.

Tanto a Jordânia quanto o Egito já manifestaram repúdio à proposta de Trump, defendendo que os palestinos têm o direito de permanecer em suas terras.

Trump não forneceu detalhes específicos sobre como o processo de reassentamento de palestinos seria implementado.

Pouco depois das declarações, a Arábia Saudita emitiu um comunicado afirmando que não estabelecerá laços com Israel até que um Estado Palestino seja criado. O país também rejeitou a proposta de Trump de remover os palestinos de Gaza.

Até o ano passado, os Estados Unidos se opunham ao deslocamento forçado de palestinos. O então presidente Joe Biden defendia a criação do Estado da Palestina e um acordo para uma convivência pacífica com Israel.

No sábado, Trump conversou com o rei Abdullah da Jordânia. Em entrevista a jornalistas, o presidente norte-americano afirmou ter sugerido que o monarca aceitasse palestinos no país, dado o estado caótico da Faixa de Gaza. No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, reiterou a rejeição de seu país à proposta. “Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos”, afirmou o chanceler.

A proposta de Trump foi elogiada por Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Israel, que emitiu um comunicado dizendo: “A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, (os palestinos) poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares.” Smotrich é uma figura proeminente da extrema direita israelense, defensor da anexação total dos territórios palestinos à Israel.