
Após a Casa Branca confirmar que, a partir deste sábado, 1º de fevereiro, entrarão em vigor tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México e de 10% sobre os produtos da China, o presidente Donald Trump alertou que a União Europeia pode ser o próximo alvo. A declaração foi feita durante uma conversa com jornalistas no Salão Oval, na sexta-feira, 31 de janeiro.
Quando questionado sobre a possibilidade de taxar produtos provenientes da Europa, Trump respondeu com firmeza: “Vou impor tarifas à União Europeia”. Em seguida, ele questionou o repórter, dizendo: “Você quer uma resposta verdadeira ou devo lhe dar uma resposta política?”. Sem esperar pela resposta, o presidente completou: “Com certeza. Os europeus nos trataram muito mal”.
Embora Trump não tenha especificado quando essas tarifas seriam implementadas nem qual seria o percentual exato, a ameaça já era prevista por autoridades da União Europeia. Mais cedo, Olli Rehn, dirigente do Banco Central Europeu (BCE), havia sugerido que a União Europeia deveria acelerar os acordos comerciais de livre comércio para enfrentar as ameaças tarifárias de Trump. Entre as opções citadas por Rehn estava o Mercosul, um bloco formado por países da América Latina.
Olli Rehn expressou sua preocupação com os efeitos da fragmentação do comércio global, alertando que isso poderia afetar negativamente o crescimento econômico da Zona do Euro. Ele defendeu que a União Europeia não ficasse inerte diante das pressões comerciais dos Estados Unidos e reforçou a importância de fortalecer a posição de negociação da Europa.
O dirigente do BCE afirmou que a União Europeia estava se preparando para possíveis medidas comerciais punitivas dos EUA e destacou a importância de resolver essas questões através da diplomacia. “Esperançosamente, o bom senso prevalecerá e os problemas poderão ser resolvidos na mesa de negociações”, disse Rehn. Ele ainda sugeriu que acordos comerciais com países como a Austrália, a Índia e a Indonésia também eram prioridades para a Europa, além de citar o avanço nas negociações com o Mercosul.
Rehn mencionou que o acordo de livre comércio com o Mercosul estava progredindo e que sua ratificação deveria acontecer antes que países da região, como o Brasil, se aproximassem mais de potências como a China. Para ele, as democracias latino-americanas são parceiras naturais da Europa, e manter uma relação comercial sólida com elas seria essencial.
Além disso, Trump anunciou que os Estados Unidos aplicarão tarifas também sobre a importação de aço, alumínio e cobre. O presidente afirmou que outros produtos, como chips de computador, petróleo, gás e medicamentos, também seriam alvo de tarifas, com a expectativa de que essas taxas entrem em vigor já em meados de fevereiro. “Isso acontecerá em breve”, disse Trump aos repórteres, informando que as tarifas sobre o aço devem ser implementadas até o dia 18 de fevereiro.
De acordo com Trump, essas novas tarifas se somarão às taxas já existentes sobre esses produtos. O presidente afastou qualquer preocupação de que o aumento de tarifas poderia levar à inflação ou complicar as cadeias de abastecimento globais. “As tarifas vão nos tornar muito ricos e muito fortes”, afirmou Trump, ressaltando que não se preocupava com a reação dos eleitores ou com os impactos nos mercados financeiros.