
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa elevação de 1 ponto percentual (p.p.), a segunda consecutiva, veio de acordo com as previsões do mercado, que já esperava esse movimento após o comunicado do Copom na reunião de dezembro. Naquela ocasião, o Comitê havia indicado que, caso o cenário projetado se confirmasse, seria possível ver ajustes semelhantes nas reuniões seguintes.
Em um contexto econômico mais desafiador para controlar a inflação, o Copom reafirmou em seu comunicado que, caso o cenário esperado se materialize, um novo aumento de 1 ponto percentual deve ocorrer na próxima reunião de março. No entanto, a autoridade monetária evitou dar qualquer sinal claro sobre os próximos passos após março, deixando em aberto a decisão para a reunião de maio.
O comunicado do Copom ainda ressaltou que o ritmo do ciclo de aperto monetário dependerá do compromisso do Banco Central com a meta de inflação e da evolução da dinâmica inflacionária ao longo do tempo. A autoridade indicou que a magnitude total do ciclo de aumento de juros será determinada pela necessidade de garantir que a inflação convirja para a meta estabelecida pelo Banco Central.
O Relatório Focus, divulgado na segunda-feira (27), trouxe uma revisão para cima das expectativas do mercado em relação à inflação. Para 2025, a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a ser de 5,50%, superando o teto da meta inflacionária. A meta oficial do BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Caso o Copom realmente eleve a Selic em 1 ponto percentual na reunião de março, a taxa de juros básica alcançará 14,25%, o maior patamar desde outubro de 2016. Esse valor seria superior ao pico alcançado durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a taxa chegou a 13,75% ao ano.
A Selic, que é a taxa de juros básica da economia brasileira, funciona como referência para todas as demais taxas de juros do mercado, incluindo aquelas aplicadas a empréstimos, financiamentos e poupança. A definição da Selic é uma atribuição do Copom, que é composto pelo presidente e pelos diretores do Banco Central. A taxa tem um papel central na política monetária do país, sendo o principal instrumento utilizado para controlar a inflação e influenciar a atividade econômica.
A alta na Selic visa, entre outros objetivos, restringir o crédito e reduzir o consumo, o que tende a ajudar na diminuição da inflação. Contudo, a medida também tem impactos no crescimento econômico, já que pode tornar o financiamento mais caro e desacelerar o ritmo da economia.