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A Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) deflagrou, nesta terça-feira (28/01), a operação “Obra Simulada”, cumprindo um mandado de prisão contra o ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra), Lucas Vissotto. A operação é resultado de um inquérito que investiga uma série de crimes envolvendo a formalização e execução de um contrato administrativo entre a Goinfra e uma empresa privada do Distrito Federal, nos anos de 2023 e 2024.
Até o momento, oito pessoas foram presas. A Deccor cumpre, ao todo, 114 mandados judiciais, sendo 32 para o afastamento de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático, 26 de bloqueio de bens e valores, 7 de proibição de frequência a determinados locais, 10 de proibição de contratar com o poder público (no caso de empresas envolvidas), 24 de busca e apreensão, e 15 de prisão temporária em Goiânia, Anápolis e Distrito Federal.
O contrato investigado tratava da reforma de 26 prédios públicos do Governo de Goiás, no valor de R$ 28 milhões. As irregularidades foram descobertas por meio de relatórios técnicos e inspeções feitas pela Gerência de Inspeções da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e pela Gerência Estratégica da Polícia Civil na Seinfra. Durante as investigações, foi constatado que a empresa contratada havia recebido pagamentos irregulares e antecipados, mesmo sem a execução dos serviços ou a conclusão das obras que justificassem tais valores. Além disso, os policiais identificaram indícios de superfaturamento nos valores cobrados pela reforma.
De acordo com as autoridades, os prejuízos iniciais ao erário público já ultrapassam R$ 10 milhões, sem contar o valor adicional que o Estado precisará investir para reconstruir as estruturas que foram parcialmente demolidas pela empresa, mas não reerguidas conforme o previsto no contrato.
Além disso, a polícia encontrou indícios de lavagem de dinheiro no caso. Isso porque os valores pagos antecipadamente pela Goinfra foram transferidos para outras empresas no Distrito Federal, que têm ligações com familiares e amigos do sócio da empresa contratada. Após as transferências, os valores foram sacados em dinheiro, o que levanta suspeitas de que esses recursos tenham sido movimentados de forma a ocultar sua origem ilícita.
Lucas Vissotto, ex-presidente da Goinfra, foi exonerado de seu cargo em abril de 2024, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) apontar irregularidades em uma licitação do programa Goiás em Movimento – Eixo Pontes, com indícios de superfaturamento de R$ 62 milhões. As investigações continuam e, com base nos elementos coletados, a operação “Obra Simulada” busca identificar e responsabilizar todos os envolvidos nos crimes de corrupção, fraude e lavagem de dinheiro. A Polícia Civil de Goiás e os órgãos de controle estão trabalhando para aprofundar a apuração dos fatos e garantir que os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei.
O Governo de Goiás, por meio Goinfra, emitiu nota sobre a operação policial. Confira:
NOTA DO GOVERNO DE GOIÁS
Em relação à Operação Obra Simulada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta terça-feira (28/1), o Governo de Goiás esclarece que:
– Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.
– A gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer eventual desvio de conduta no trato do dinheiro público.
– O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor.
Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra) – Governo de Goiás