O goiano Wendel Lourenço estava entre os 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos e que chegaram ao Brasil na sexta-feira (24/01). Ele relatou que foi algemado durante o voo e que o transporte estava sem ar-condicionado. “Quase morremos sufocados. Todo mundo começou a passar mal”, contou, em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Globo.
Wendel Lourenço contou que viveu por seis anos nos Estados Unidos, onde trabalhava com pisos de madeira. Após retornar ao Brasil, ele ficou cerca de dois anos no país, mas decidiu voltar aos EUA para visitar a família que havia deixado lá. Durante essa visita, acabou preso por cinco meses, até ser deportado.
Este foi o segundo voo com deportados a chegar ao Brasil em 2025. O primeiro aconteceu no dia 10 de janeiro, ainda durante o governo do democrata Joe Biden, com 114 brasileiros a bordo. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a organização do voo é feita pelo governo dos Estados Unidos, enquanto a logística, por parte do Brasil, fica a cargo da Polícia Federal.
O governo federal determinou a retirada das algemas dos passageiros no primeiro voo de deportados dos Estados Unidos para o Brasil desde a posse do presidente Donald Trump. A decisão foi tomada após a condição dos brasileiros algemados ser considerada um “desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos”. A medida reflete uma preocupação com o tratamento adequado e digno dos deportados durante o processo de repatriação.
O avião das forças de segurança norte-americanas que transportava os deportados dos Estados Unidos aterrissou em Manaus (AM) na noite da última sexta-feira, 24. Embora o destino final fosse o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (MG), a aeronave precisou pousar na capital amazonense para manutenção, e o restante da viagem foi cancelado.
Durante o voo, houve uma tentativa das autoridades norte-americanas de manter os passageiros algemados, o que gerou um episódio de tensão. Ao chegar em Manaus, a aeronave foi recepcionada pela Polícia Federal, que, sob orientação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, determinou a retirada imediata das algemas dos deportados. O ministro Ricardo Lewandowski, ao tomar conhecimento da situação, a considerou um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
Com o cancelamento do restante da viagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse enviado a Manaus para garantir que os passageiros completassem o trajeto “com dignidade e segurança”. Para apoiar os deportados, a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas (Sejusc) disponibilizou colchões, alimentação, atendimento médico e água no aeroporto de Manaus. Além disso, uma equipe do Corpo de Bombeiros foi mobilizada para oferecer suporte com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Essa situação gerou repercussão tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, com críticas sobre as condições de tratamento dos deportados, incluindo a falta de ar-condicionado no voo e o tratamento desumano durante o trajeto.