Brasil, 23 de janeiro de 2025
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Internacional

Bispa Mariann Budde diz que não vai pedir desculpas a Trump

Publicado em atualizado às 11:31

A bispa Mariann Edgar Budde afirmou que não pedirá desculpas ao presidente Donald Trump pelas declarações feitas em um sermão após a posse do republicano. Durante uma missa realizada em Washington, ela fez um apelo direto ao presidente, solicitando mais compaixão para com os imigrantes e a comunidade LGBTQIA+. Trump disse que a bispa foi “desagradável” e exigiu pedido de desculpas.

Em entrevista à National Public Radio (NPR), Mariann se referiu ao impacto de suas palavras. “Lamento que isso tenha provocado a resposta que causou, porque realmente confirmou tudo o que eu estava falando antes, ou seja, nossa tendência de nos irritarmos rapidamente, sem conversar uns com os outros de maneira respeitosa.” Apesar da repercussão, a bispa foi firme: “Mas não, não vou pedir desculpas pelo que disse”, completou.

Em outro momento, à Associated Press, ela destacou que não considera Trump um inimigo. “Acredito que é possível discordar respeitosamente, apresentar nossas ideias e continuar defendendo o que acreditamos, sem recorrer à violência verbal”, afirmou.

Sermão desagradou Trump

O sermão que desagradou Trump foi proferido por Mariann em uma missa na terça-feira, 21, logo após Trump anunciar medidas rigorosas contra a imigração. Entre as ações propostas estavam a revogação da cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais e o aumento da repressão nas fronteiras, com o apoio do Exército.

Budde, primeira mulher a assumir o cargo de bispa na Igreja Episcopal de Washington desde 2011, usou o púlpito para criticar as políticas do governo, apontando os impactos das medidas para as famílias imigrantes e a comunidade LGBTQIA+. Em seu discurso, a bispa reforçou que a missão cristã preza pela misericórdia, especialmente para com os estrangeiros, em um momento de tensões e divisões.

“Nosso Deus nos ensina a sermos misericordiosos com o estrangeiro”, declarou ela, enfatizando a importância da compaixão no tratamento aos imigrantes. Ao se referir aos trabalhadores imigrantes, Mariann destacou as dificuldades enfrentadas por eles: “As pessoas que colhem em nossas plantações, limpam nossos prédios, trabalham em granjas, frigoríficos e hospitais podem não ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa”, ressaltou.

A bispa também falou sobre o medo e a insegurança vividos por essas comunidades, particularmente em tempos de políticas anti-imigração mais agressivas. Ela criticou a falta de empatia demonstrada por algumas lideranças e pediu que se reconhecesse a dignidade humana de todos, independentemente de seu status migratório.

O pronunciamento de Mariann Edgar Budde gerou reações tanto favoráveis quanto críticas. Enquanto alguns aplaudiram sua coragem de se manifestar contra as políticas do governo Trump, outros desconsideraram suas declarações e a qualificaram como “militante esquerdista radical”. No entanto, a bispa manteve sua posição firme em relação ao que considera um dever moral e cristão defender os marginalizados e vulneráveis na sociedade.

Ao longo de sua trajetória de vida, Budde tem sido uma defensora das minorias. Sua postura contrária às políticas de Trump, especialmente em relação aos imigrantes, reflete seu compromisso com os princípios da Igreja Episcopal e com os ensinamentos cristãos de amor e acolhimento. Ela se torna uma figura proeminente e influente no debate sobre os direitos civis, especialmente em tempos de crescente polarização política nos Estados Unidos.