Brasil, 15 de janeiro de 2025
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Política

2026: disputa pelo espólio de Bolsonaro se intensifica e movimenta cenário político da direita

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A corrida presidencial de 2026 está em pleno movimento e o espólio político de Jair Bolsonaro se apresenta como um dos maiores campos de disputa entre os principais candidatos. Embora Tarcísio de Freitas seja o nome mais cotado para suceder Bolsonaro, outros políticos como Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Eduardo e Michelle Bolsonaro, Pablo Marçal e até ocantor sertanejo Gusttavo Lima também buscam esse espaço, cada um com sua estratégia e ações de marketing.

Enquanto a polarização entre a esquerda do presidente Lula e a direita de Jair Bolsonaro continua a moldar o cenário político, as alianças, posturas e propostas dos candidatos terão papel decisivo na definição do próximo presidente do Brasil. Resta saber quem conseguirá aglutinar apoio suficiente para vencer a disputa e quem ficará pelo caminho, deixando sua marca no complexo tabuleiro eleitoral brasileiro.

As eleições presidenciais de 2026 já começam a ganhar contornos bem definidos, com vários nomes em ascensão para disputar o cargo de presidente do Brasil. Entre os potenciais candidatos, destaca-se o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que surge como uma das figuras mais mencionadas nas “bolsas de apostas” dos analistas e políticos. Em um levantamento recente da Paraná Pesquisas, Tarcísio somou 25,3% das intenções de voto em um confronto direto com o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aparece com 35,2%. Com essa marca expressiva, o ex-ministro da Infraestrutura se coloca como um forte candidato no cenário político, mas sua postura pública sobre o pleito parece indicar que ele ainda está relutante em se lançar à corrida presidencial.

Tarcísio de Freitas é o melhor colocado a direita nas pesquisas

Tarcísio, embora amplamente apontado como um possível candidato à presidência, tem se mostrado, até o momento, mais focado em seu mandato como governador de São Paulo. Em entrevistas, ele afirmou que sua prioridade é continuar trabalhando para o estado e que está comprometido com a população paulista até 2030, deixando claro que sua intenção não é disputar a presidência nas próximas eleições. A fidelidade a Jair Bolsonaro, com quem trabalhou de perto durante o governo federal, é um aspecto importante de sua trajetória. Em 2022, ele foi o único governador de oposição a Lula que se posicionou publicamente em defesa de Bolsonaro quando este foi indiciado pela Polícia Federal. Para Tarcísio, manter uma boa relação com o ex-presidente é essencial, já que sua base de apoio, especialmente entre os bolsonaristas, é um ponto forte em sua candidatura ao governo de São Paulo.

No entanto, analistas apontam que essa postura de fidelidade a Bolsonaro pode ser um fator limitante, já que a relação com o ex-presidente é marcada por polêmicas, como a não condenação dos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023. Para a cientista política Lilian Sendretti, Tarcísio precisa de Bolsonaro para viabilizar sua reeleição ao cargo de governador, o que pode resultar em uma limitação de seu apoio a outros setores da política. Mesmo assim, Tarcísio mantém um perfil mais conciliador e menos radical em relação a outros nomes que também buscam herdar o legado político de Bolsonaro.

Caiado: governador de Goiás que se Distancia de Bolsonaro

Em contraste com Tarcísio de Freitas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), adota uma postura mais independente em relação ao bolsonarismo. Caiado, que não pode se reeleger em Goiás, anunciou sua pré-candidatura à presidência em 2026 e vem se posicionando como um possível líder da oposição ao governo de Lula. Com altos índices de aprovação em Goiás, Caiado tem se distanciado de Bolsonaro e já deixou claro que, para ele, o país “cansou” da “conversa chata e cansativa” do ex-presidente. Em entrevistas, o governador fez críticas diretas a Bolsonaro, associando-o ao extremismo político e afirmando que seu objetivo é representar uma alternativa mais moderada, centrada na construção de uma agenda política pragmática.

A estratégia de Caiado visa consolidar um perfil mais conciliador, capaz de atrair eleitores de centro e até mesmo de esquerda, em contraste com a retórica mais radical de outros nomes vinculados a Bolsonaro. Para o analista político Renato Dorgan, essa postura pode resultar em uma candidatura competitiva, com capacidade para atrair uma parte significativa do eleitorado. No entanto, a falta de um apoio político consistente e a relação ambígua de seu partido, o União Brasil, que tem se alinhado tanto com o governo federal quanto com a oposição, pode enfraquecer suas chances de viabilizar uma candidatura sólida. Além disso, a divisão no partido e o fato de Caiado não ser o único nome cotado para a presidência pelo União Brasil também geram incertezas.

Romeu Zema: governador de Minas quer entrar na disputa

Outro nome que tem se colocado como possível candidato à presidência é Romeu Zema (Novo), atual governador de Minas Gerais. Embora ainda sem uma definição clara sobre sua candidatura, Zema tem deixado em aberto a possibilidade de disputar a presidência em 2026. Em declarações recentes, ele afirmou que estará disposto a apoiar o nome da direita mais viável, mas não descartou a ideia de se lançar como candidato. Zema é conhecido por seu perfil liberal e sua gestão focada em políticas econômicas de mercado, o que o torna uma opção atrativa para o eleitorado mais conservador e liberal. Contudo, analistas apontam que sua visão econômica pode não ressoar com um Brasil com um grande déficit social, o que enfraquece suas chances em um pleito presidencial.

Apesar disso, Zema tem uma base sólida em Minas Gerais e é popular entre os eleitores mais ligados ao empresariado e ao mercado financeiro. No entanto, sua estratégia para uma candidatura presidencial ainda está indefinida, especialmente quando se trata da aliança com outros partidos. Seu partido, o Novo, tem uma representatividade nacional limitada, o que pode dificultar a formação de uma chapa competitiva.

Eduardo Bolsonaro, o herdeiro do clã do ex-presidente

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem demonstrado interesse em seguir os passos do pai e disputar a presidência em 2026. Embora o ex-presidente tenha reafirmado, em diversas ocasiões, sua intenção de voltar ao cargo, Eduardo já admitiu que pode ser uma alternativa caso Bolsonaro decida não concorrer. A outra opção seria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

O deputado tem o apoio irrestrito de sua base familiar e do PL, o que pode lhe garantir uma estrutura sólida para uma possível candidatura. No entanto, seu estilo agressivo e confrontador, aliado à sua pouca experiência em disputas majoritárias, coloca em dúvida sua capacidade de atrair uma base política mais ampla.

Eduardo Bolsonaro tem sido visto com reservas por eleitores fora do espectro radical, e seu tom agressivo nas redes sociais e em declarações públicas pode ser um obstáculo para a construção de uma coalizão mais ampla. Além disso, ele ainda carece da experiência necessária para enfrentar adversários com maior bagagem política e eleitoral.

Pablo Marçal: ex-coach mostrou força em São Paulo

O nome de Pablo Marçal (PRTB-SP), ex-coach e influenciador digital, ganhou destaque nas últimas eleições, quando ele obteve 1,7 milhões de votos na disputa pela prefeitura de São Paulo, mesmo sem o apoio formal de Bolsonaro. Marçal se posicionou como uma alternativa ao sistema político tradicional e prometeu lançar sua candidatura presidencial em 2026. Seu discurso radical e populista, alinhado com as ideias da direita conservadora, o aproxima do eleitorado bolsonarista, embora ainda seja incerto se ele conseguirá expandir sua base de apoio. Além disso, Marçal enfrenta complicações jurídicas, com diversos processos eleitorais pendentes, o que pode comprometer sua elegibilidade.

Gusttavo Lima: o cantor sertanejo que quer surpreender na política

O cantor sertanejo Gusttavo Lima também entrou no radar da política brasileira. Com milhares de fãs e grande popularidade, Lima anunciou que pretende concorrer à presidência em 2026. Apesar de nunca ter disputado uma eleição, ele tem uma visibilidade muito maior que muitos políticos tradicionais, o que o torna uma figura interessante para partidos que buscam atrair um eleitorado jovem e desconectado da política tradicional. Contudo, Lima também enfrenta críticas pela falta de uma plataforma política definida e pela possível resistência de políticos mais experientes que poderiam ver sua candidatura como uma ameaça às suas próprias ambições.

O cantor ainda carrega algumas controvérsias jurídicas que podem afetar sua imagem, mas sua candidatura promete agitar o cenário eleitoral. Como analisado pela cientista política Vera Lúcia Chaia, Lima está se projetando no cenário político, mas sua falta de propostas concretas coloca em risco sua viabilidade.