
Depois do fiasco nas eleições municipais de 2024, o PSDB desdobra-se para não ser varrido do mapa político do país. A legenda perdeu tanta musculatura a ponto de não eleger nenhum vereador e obter na capital paulista apenas 1,85% dos votos com a candidatura a prefeito de José Luiz Datena. Justo onde a sigla reinou nos tempos de FHC, duas vezes eleito presidente da República. Agora, a realidade dos tucanos é outra: se não uma fusão com outro partido, a extinção será o destino inexorável.
Diante desse quadro, o PSDB investe pesado numa eventual fusão com o PSD, a legenda que mais cresceu no país no último pleito eleitoral. As negociações, contudo, se esbarram nos comandos estaduais dos dois partidos. Conciliar interesses políticos divergentes na base não será fácil. As melhores cartas do baralho estão nas mãos do PSD, que tem no seu comando um hábil player político: Gilberto Kassab, hoje secretário da gestão de Tarcísio de Freitas em São Paulo.
Apesar de haver divergências locais, Goiás não deve ser obstáculo para a fusão entre o PSD e PSDB, até porque as duas legendas estão bastante debilitadas no Estado. O PSD foi desidratado com a derrota em Goiânia do presidente estadual da sigla, Vanderlan Cardoso, que obteve apenas 6% dos votos, e com mulher dele, Izaura Cardoso, em Senador Canedo. Sob a liderança solitária de Vanderlan. Elegeu apenas três prefeitos e não fez nenhum vereador Goiânia. Desempenho pior, impossível.
Já o PSDB de Marconi Perillo, atual presidente nacional do partido, também foi buraco nas eleições de 2024 em Goiás. O candidato a prefeito de Goiânia, Matheus Ribeiro, não emplacou e não passo do empate com Vanderlan em minguados 6% dos votos. Os tucanos elegeram dois vereadores na capital – Aava Santiago e Sebastião Peixoto -, mas ambos são considerados outsiders e foram eleitos sem qualquer vínculo orgânica com o PSDB. Em nível estadual, elegeu sete prefeitos, o que foi muito pouco para uma legenda que governou o Estado por quase 20 anos.
Uma possível aliança de Marconi e Vanderlan seria um abraço de afogados diante do poderio político de Ronaldo Caiado (UB) e Daniel Vilela (MDB), que, juntos, elegeram mais de 200 dos 246 prefeitos goianos e têm o controle das ações políticas de Goiás. Caiado ostenta mais de 80% aprovação no governo estadual e trabalha para fazer Daniel seu sucessor. A base do governo se apresenta para 2026 com as fileiras engrossadas com prefeitos das principais cidades goianas, como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Rio Verde, Luziânia e Anápolis (Márcio Corrêa foi eleito pelo PL, mas tem ligações fortes com Daniel).
Enfraquecidos politicamente, Marconi e Vanderlan poderiam formar um palanque balança-mas-não-cai em 2026, com o primeiro candidato a governador e o segundo postulando a reeleição para o Senado. Mas isso daria certo? Aos olhos de hoje e com base no resultado de 2024, a resposta é não. Sem contar que Vanderlan tem a fama de ser pouco confiável e muda de partido como troca de camisa. Para complicar ainda mais a vida dos dois, há ainda no cenário político de Goiás o PL bolsonarista do senador Wilder Morais e do deputado federal Gustavo Gayer, hoje a segunda força eleitoral de Goiás.
Seja como for, o fato é a fusão nacional entre o PSD e o PSDB pode se consumar e produzir efeitos em Goiás. Se vai ser viável sob o ponto de vista eleitoral, aí é muito difícil prever, embora as perspectivas sejam ruins. As apostas estão abertas.