A Câmara dos Deputados desembolsou R$ 212 milhões em cotas parlamentares ao longo de 2024, conforme levantamento do Estadão. Destinada a custear atividades legislativas, a verba foi utilizada para cobrir despesas como viagens, alimentação e locomoção. Contudo, casos de uso controverso, como o reembolso por vinho no Uruguai e passagens para Bonito (MS), trouxeram à tona questionamentos sobre a fiscalização desses recursos públicos.
Os deputados submetem notas fiscais para reembolso, e a Câmara é responsável por avaliar a conformidade dos gastos. Apesar disso, irregularidades resultaram em bloqueio de R$ 1 milhão em despesas somente neste ano. Alguns desses casos estão sendo investigados pela Polícia Federal, levantando dúvidas sobre a transparência no uso do dinheiro público.
Vinho e turismo com verba pública
Um dos casos mais emblemáticos envolve o deputado Giovani Cherini (PL-RS), que solicitou reembolso por um almoço no Uruguai com vinho e cordeiro na brasa, no valor de R$ 286,62. Apesar de a legislação proibir o custeio de bebidas alcoólicas, a Câmara reembolsou a despesa. Procurado, Cherini afirmou que o erro não foi seu. “A Câmara tem muitos funcionários só para cuidar de notinha. Não pode passar. Jamais vou fazer coisas que não estão dentro da lei”, justificou.
Já a deputada Carla Zambelli (PL-SP) usou R$ 3,8 mil da cota parlamentar para financiar passagens aéreas até Bonito (MS), famoso destino turístico. Durante a viagem, Zambelli foi vista realizando trilhas e atividades recreativas com o marido. Questionada, a deputada afirmou que esteve na cidade para um “evento político-partidário”, embora não tenha registrado a atividade em suas redes sociais.
Gastos sob investigação
Além dos casos de reembolsos irregulares, a Polícia Federal realizou duas operações de busca e apreensão em 2024, envolvendo deputados investigados por desvio de recursos da cota parlamentar. As apurações apontam para um esquema envolvendo agentes públicos e empresários, que teria desviado recursos destinados à atividade legislativa. Entre os alvos estão os deputados Gustavo Gayer (PL-GO), Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Os gastos com divulgação de atividades parlamentares somaram R$ 81,8 milhões, o maior volume registrado neste ano. Junto com o aluguel de veículos, essas despesas representam mais de 50% de tudo que foi desembolsado pela Câmara.
Casos como esses reacendem o debate sobre o controle da cota parlamentar e a transparência no uso de recursos públicos, destacando a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para evitar abusos e irregularidades.
Ainda de acordo com a reportagem, os deputados podem ganhar o reembolso da Câmara via cota parlamentar caso gaste dinheiro com: