Nesta sexta-feira (6), os líderes do Mercosul e da União Europeia (UE) anunciaram oficialmente um acordo de livre comércio, após 25 anos de intensas negociações. O tratado, que pode se tornar o maior pacto comercial da história, trará significativos benefícios econômicos, sobretudo para o Brasil, que será o principal beneficiado em termos de crescimento do PIB, exportações e investimentos, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), vinculado ao governo.
Impactos Econômicos para o Brasil
O estudo do IPEA aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderá crescer até 0,46% ao ano até 2040, uma taxa superior à de outros membros do Mercosul (0,2%) e da União Europeia (0,06%). Esse aumento no PIB se deve, em parte, ao impacto positivo que o acordo terá sobre os investimentos no Brasil, que devem crescer 1,49% em relação ao cenário atual, sem a parceria comercial.
O acordo prevê a eliminação de tarifas para quase 91% dos produtos exportados pelo Mercosul, o que deverá facilitar o acesso dos produtos brasileiros aos mercados da UE. Além disso, a União Europeia isentará 82% das importações agrícolas do bloco sul-americano e dará acesso preferencial, com tarifas mais baixas, para 97% dos produtos originários dos países do Mercosul.
Crescimento nas Exportações e Importações
A pesquisa também estima que as exportações brasileiras devem crescer a uma taxa de 3% ao ano, refletindo o aumento da demanda por produtos nacionais no mercado europeu. Em contrapartida, as importações também devem crescer, alcançando um pico de US$ 12,8 bilhões em 2034, antes de recuar para US$ 11,3 bilhões em 2040.
Com relação ao impacto nas exportações, o estudo prevê um ganho acumulado de US$ 11,6 bilhões até o final do período analisado. Esse crescimento é visto como uma oportunidade para diversificar os mercados externos do Brasil e aumentar sua competitividade no comércio global.
A Visão dos Líderes Europeus
Durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, classificou o acordo como uma “vitória para a Europa”. Ela afirmou que o acordo é um “ganha-ganha”, trazendo benefícios tanto para os consumidores quanto para as empresas de ambos os blocos. Além disso, Von der Leyen ressaltou que as preocupações dos agricultores europeus foram ouvidas e que o pacto inclui “salvaguardas robustas” para proteger seus meios de subsistência.
Desafios e Expectativas
Apesar do otimismo em relação aos benefícios econômicos do acordo, a sua implementação ainda enfrenta desafios. O tratado precisa ser aprovado pelos 27 membros da União Europeia, o que pode ser dificultado pela resistência de alguns países, como França e Itália, que têm receios sobre os impactos para suas economias locais, especialmente no setor agrícola.
Ainda assim, o acordo é visto como uma oportunidade para aprofundar os laços comerciais entre os dois blocos e criar um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, com um comércio estimado em US$ 22 trilhões. Esse é um passo importante na integração econômica entre o Mercosul e a União Europeia e pode abrir portas para futuras parcerias globais.