Após mais de 25 anos de negociações, a União Europeia (UE) e o Mercosul concluíram, nesta sexta-feira,(6) um acordo histórico de livre comércio. A celebração da “Parceria Mercosul-União Europeia” promete ser uma vitória econômica significativa, mas sua implementação pode enfrentar desafios, especialmente em razão da oposição de países como França e Itália.
Durante uma coletiva de imprensa em Montevidéu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que o acordo não é apenas uma oportunidade econômica, mas uma necessidade política para a Europa. O tratado, que representa o maior acordo comercial já assinado pelo Mercosul, envolve economias que juntas somam aproximadamente US$ 22 trilhões e cerca de 718 milhões de pessoas.
A Oposição Europeia e os Desafios Políticos
Apesar da importância do acordo, ele precisará ser aprovado por 15 dos 27 membros da UE, o que representa 65% da população do bloco. Além disso, será necessária uma maioria simples no Parlamento Europeu. Países como França, Itália e Polônia já se manifestaram contra o acordo, principalmente em razão da proteção de seus setores agrícolas. A França, por exemplo, teme a concorrência dos produtos agrícolas do Brasil.
Von der Leyen reconheceu as preocupações dos produtores europeus, mas garantiu que os padrões da UE para alimentos e bebidas não serão alterados. Ela enfatizou que o acordo deve gerar benefícios mútuos e prometeu garantir que as expectativas sejam cumpridas.
Por outro lado, outros países da UE, como Alemanha e Espanha, defendem o acordo, considerando-o essencial para a diversificação do comércio europeu. A crise no mercado russo e a crescente dependência da China impulsionaram a necessidade de novas parcerias comerciais. O Mercosul é visto como uma fonte estratégica de minerais essenciais, como lítio metálico, além de um mercado potencial para produtos europeus, como carros, máquinas e produtos químicos.
Entendendo o Acordo
O acordo, que precisa passar por uma revisão legal e tradução para as 23 línguas oficiais da UE, promete gerar novas oportunidades comerciais e de investimento. Segundo o governo brasileiro, a parceria não comprometerá a implementação de políticas públicas, como saúde e inovação, e abre portas para um desenvolvimento sustentável entre os blocos. A cooperação na área ambiental será um dos pilares do tratado, com compromissos em como enfrentar desafios globais.
Próximos Passos
Após a revisão legal e tradução dos textos, o acordo será assinado. Em seguida, cada país precisará passar pelo processo interno de aprovação. No Brasil, isso envolve a aprovação do Congresso Nacional. A ratificação final do tratado por todos os países envolvidos permitirá sua entrada em vigor, o que poderá ocorrer bilateralmente entre os membros que finalizarem os trâmites internos.
Este acordo representa uma nova etapa na integração econômica do Mercosul com o mundo e pode se tornar um marco na relação comercial entre os dois blocos.