Um jantar promovido pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), no sábado (23), reuniu líderes políticos de direita, como os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não cobstoy da lista de convidados ao evento, que ocorreu dois dias após ele ser indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de tentativa de golpe de Estado.
A defesa de Israel foi uma das marcas da política externa de Bolsonaro. Em 2019, como presidente, ele visitou o país, repetindo uma viagem feita em 2016, quando foi batizado no rio Jordão pelo Pastor Everaldo. Durante sua campanha presidencial de 2018, Bolsonaro prometeu transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, algo que não foi concretizado. Ainda assim, a defesa de Israel tornou-se um símbolo entre os apoiadores do ex-presidente, que frequentemente utilizam a bandeira israelense em manifestações.
Apesar do alinhamento ideológico, a Conib mantém atritos com Bolsonaro e aliados, como o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, de origem judaica. Divergências incluem eventos paralelos organizados por apoiadores do ex-presidente e críticas direcionadas ao presidente da Conib, Cláudio Lottenberg. Wajngarten, por exemplo, já questionou publicamente Lottenberg após este publicar um artigo de opinião sobre o conflito entre Israel e os palestinos.
A ausência de Bolsonaro no jantar reflete um cenário de tensão entre a entidade e o ex-presidente, apesar do apoio de seus seguidores a causas relacionadas a Israel. O evento reafirmou a influência da Conib no debate político, mas também evidenciou as divisões internas entre a comunidade judaica e figuras do bolsonarismo. O ex-secretário Wajngarten foi procurado para comentar o assunto, mas não respondeu.