O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ainda demonstra insatisfação com a interferência de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais de Goiás, conforme destacou a jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no jornal O Globo. O ex-presidente manifestou apoio direto aos adversários de Caiado em Goiânia e Aparecida de Goiânia, Fred Rodrigues e Pofessor Alcides, ambos do PL, e fez campanha ostensiva ao lado deles. Sobre isso, Caiado declarou: “Não procurei, nem fui procurado. Não vou desviar meu foco de 2026. Sou candidato a presidente da República e vou trabalhar para isso. Cada um que tome seu rumo.”
Bolsonaro participou intensamente das campanhas em Goiânia e Aparecida, as suas maiores cidades de Goiás, inclusive acompanhando Fred Rodrigues no dia da votação. Ao longo do período eleitoral, ele não só criticou o candidato de Caiado em Goiânia, Sandro Mabel, chamando-o de “rosquinha”, mas também acusou o governador de se aliar ao PT. Em resposta, Caiado mobilizou seu capital político, conseguindo eleger Leandro Vilela em Aparecida e Mabel em Goiânia. A base de Caiado saiu vitoriosa em quase 200 das 246 prefeituras do estado, enquanto o PL de Bolsonaro conquistou apenas 25.
Apesar do triunfo, Caiado admite que o processo eleitoral deixou marcas. “Todos nós temos mágoas. Quer dizer que eu não tenho sentimentos? Tenho! Por que motivo ele foi fazer isso em Goiás? Seria correto se eu fosse ao Rio de Janeiro apoiar Eduardo Paes? Não!”, disse o governador, criticando a atitude de Bolsonaro, a qual classificou como desrespeitosa e desnecessária. “Pelo amor de Deus, eu fui vítima”, desabafou.
Caiado revelou ainda que, antes da campanha, tentou estabelecer um entendimento com Bolsonaro para evitar disputas entre seus candidatos competitivos nas principais cidades. “Fui até Brasília, estive com ele na Paulista em fevereiro, sempre fomos aliados. E agora ele alega discordâncias em relação à pandemia. Só lembrou disso agora?”, questionou o governador goiano.
Agora, o plano de Caiado é viajar pelo país buscando apoio para sua candidatura à presidência em 2026, pelo União Brasil. Ele pretende representar a direita no cenário nacional, deixando para trás os desentendimentos com Bolsonaro. “Para essas coisas, é preciso dar tempo ao tempo”, arrematou.