O dólar disparou nesta sexta-feira no Brasil e fechou na maior cotação em quase 4 anos e meio, com investidores procurando a proteção da moeda norte-americana em um cenário de desconfiança na política fiscal do governo no Lula e de receios com a eventual vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA.
O dólar à vista fechou o dia em alta de 1,53%, cotado a 5,8699 reais. Este é o maior valor de fechamento desde 13 de maio de 2020, quando encerrou em 5,9012 reais na esteira da escalada da pandemia de Covid-19. Às 17h42, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,35%, a 5,8870 reais na venda.
Pela manhã o dólar chegou a ceder ante o real, após a divulgação de dados fracos do relatório de empregos payroll dos Estados Unidos. O Departamento do Trabalho informou que a economia norte-americana abriu 12.000 postos de trabalho fora do setor agrícola em outubro, após 223.000 em setembro, em dado revisado para baixo.
Economistas consultados pela Reuters previam criação de 113.000 vagas. A discrepância se deu, aparentemente, pela dificuldade das instituições em fazer projeções no período por conta dos efeitos de furacões e greves em fábricas aeroespaciais durante o mês passado. Logo após os dados, às 9h55, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,7629 reais (-0,32%), acompanhando a perda de força da divisa norte-americana também no exterior, mas o movimento não se sustentou.
Como em sessões anteriores, a expectativa de que o republicano Donald Trump derrotará a democrata Kamala Harris nas eleições de terça-feira e a falta de medidas fiscais do governo Lula fizeram o dólar subir ante o real e renovar patamares recordes dos últimos anos. “Temos o dólar forte também lá fora, em função das eleições norte-americanas, porque a moeda é um porto seguro para os investidores — e isso apesar do payroll fraco”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.