O mapa político desenhado pelo resultado das eleições em Goiás não traz boas notícias para o senador Wilder de Morais e seu partido, o PL. Dos 15 maiores municípios goianos, o PL só conseguiu ganhar em dois – Formosa e Anápolis. Feitas as contas, a conclusão a que se chega é que o desempenho de WIlder e do PL foi um verdadeiro fiasco, até porque o prefeito eleito de Anápolis, Márcio Corrêa, é aliado do vice-governador Daniel Vilela (MDB) e deve fechar com ele na disputa para o governo estadual em 2026.
Bafejado em Goiás pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL de Wilder de Morais entrou em campo em 2024 com pose de time grande. A legenda apostou na força da sua penetração no agronegócio no interior e no discurso antissistema em cidades grandes, como Goiânia. Mais ainda: subestimou a força do governador Ronaldo Caiado, acreditando que a sigla era força hegemônica da direita no estado.
Bolsonaro, Wilder de Morais, Gustavo Gayer e companhia limitada deram com os burros n’água e sucumbiram em Goiás à aliança do União Brasil de Caiado com o MDB de Daniel Vilela. A derrota do bolsonarismo foi humilhante, especialmente no segundo turno, e ganhou ampla repercussão na imprensa nacional. No cômputo geral, o PL elegeu menos de 20 dos 246 prefeitos goianos, muitos dos quais sinalizam que não permanecerão na legenda, como se especula, por exemplo, acerca de Maycllyn Carreiro, de Morrinhos.
Caiado e Daniel fizeram barba, cabelo e bigode, capitalizando uma safra de quase 200 prefeitos aliados à base governista. Na região metropolitana da capital, somou vitórias expressivas em Goiânia, Aparecida, Trindade e Senador Canedo; triunfou no Entorno de Brasília, com destaque para Luziânia com Diego Sorgatto, Marcus Vinicius em Valparaíso e Dr. Lucas em Águas Lindas; venceu no Sudoeste goiano, onde perdeu apenas em Jataí, mas com vitória expressiva em Rio Verde com Wellington Carrijo; deu um passeio no PL no Sul e Sudeste, com Velomar Rios em Catalão e Dione Araújo em Itumbiara; além de ganhar no Vale do São Patrício, com ênfase para Renato de Castro em Goianésia, e na região Norte, com Vanuza Valadares em Porangatu.
Enfraquecidos e com a bola baixa, Wilder e seu grupo se revelaram um fracasso monumental: o PL saiu muito menor do que entrou nas eleições municipais. A essa altura do campeonato, o senador de Taquaral deve estar com os dois pé atrás diante de uma eventual candidatura à sucessão estadual. Definitivamente, 2024 é um ano para ser esquecidos pelo bolsonarismo em Goiás.