O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou intenção de se candidatar à Presidência da República em 2026, posicionando-se como o principal nome da direita para o pleito. Ele destaco, porém, que pode “desistir do Brasil” caso sua inelegibilidade, determinada por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), permaneça em vigor até a data das eleições. Atualmente, essas decisões impedem Bolsonaro de disputar cargos eletivos até 2030, o que gerou incertezas sobre o futuro político do ex-mandatário.
Em entrevista concedida ao portal de apoio bolsonarista “Auri Verde Brasil”, Bolsonaro rebateu declaração de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, que havia afirmado que os primeiros na fila para concorrer à presidência em 2026 seriam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
“Eu sei que não sou nada no partido, agradeço muito ao Valdemar. Mas, candidato para 2026 é Jair Messias Bolsonaro”, afirmou o ex-presidente. Ele ainda questionou as razões por trás de sua inelegibilidade, mencionando dois episódios que teriam contribuído para a decisão do TSE. “Estou inelegível por quê? Por me reunir com embaixadores? Por subir no carro de som do pastor Malafaia?”, disse ele, em tom de desabafo.
A inelegibilidade de Bolsonaro está relacionada a ações de abuso de poder político e econômico e ao questionamento do sistema eleitoral brasileiro durante seu mandato. Entre os fatos citados no julgamento estão a reunião com embaixadores estrangeiros, em que o então presidente fez críticas ao sistema eleitoral, e sua participação em atos públicos que fomentaram desinformação sobre as eleições.
Em tom melancólico, Bolsonaro sinalizou que, caso sua inelegibilidade seja mantida, pode abandonar definitivamente a política brasileira. “Se isso for avante e se essa inelegibilidade continuar valendo, eu jogo a toalha e não acredito mais no Brasil, no meu país, que tanto amo, adoro e pelo qual dou a minha vida”, declarou. Ele também fez uma referência a possíveis ameaças à sua integridade física: “Se isso continuar, só tenho um caminho: cuidar da minha vida. Antes que me matem, ou façam algo pior.”
Por outro lado, Valdemar Costa Neto, em entrevista à “GloboNews” no dia 16 de outubro, mostrou-se mais otimista em relação à situação de Bolsonaro. O presidente do PL revelou que a legenda está articulando no Congresso Nacional um projeto de lei para anistiar o ex-presidente, o que permitiria sua candidatura em 2026. Ele, no entanto, mencionou a personalidade forte e difícil de Bolsonaro, observando que o ex-chefe do Executivo é persuasivo “apenas em 10% das vezes”, sugerindo que a condução política do ex-presidente nem sempre facilita o diálogo dentro do partido.
A movimentação política dentro do PL revela as tensões internas e disputas sobre quem será o representante da direita no próximo pleito presidencial, evidenciando a relevância de Bolsonaro mesmo com permanecendo inelegível. A discussão sobre a possível anistia do ex-presidente deverá seguir ocupando espaço no debate político nos próximos meses, na medida em que o cenário eleitoral de 2026 começa a ganhar contornos mais definidos.