Manifestantes fizeram um protesto nesta segunda-feira (14) contra o apagão que deixou mais de 2,1 milhões de pessoas sem energia elétrica na Região Metropolitana de São Paulo. O ato foi um panelaço na Estrada do Campo Limpo, na altura do número 291, Zona Sul da capital. Mais de 400 mil imóveis na Grande São Paulo continuam sem energia. Também houve bloqueios no trecho do Rodoanel Mário Covas, que passa por mais de 15 cidades da Região Metropolitana.
Até a tarde desta segunda-feira, 19 escolas estaduais estavam sem energia na capital paulista, segundo informações da Secretaria de Estado da Educação. Quatro unidades mantêm as aulas de forma remota, e 15 funcionam presencialmente com luz natural. As unidades sem energia elétrica acionaram a concessionária responsável e aguardam a manutenção da rede. Os alimentos perecíveis das escolas impactadas estão preservados, de acordo com a secretaria.
A pasta informou que, em todo o estado, 65 unidades escolares chegaram a ser afetadas pelas chuvas, e que trabalha para a recuperação delas. Oito dessas escolas estão com aulas suspensas devido aos problemas, sendo uma na capital. Já a Secretaria Municipal de Educação da capital paulista informou que, em razão do Dia do Professor, nesta terça-feira (15), a maioria das unidades atingidas pelas chuvas já havia planejado uma emenda de feriado escolar, e que o atendimento nas unidades não será prejudicado. “Até às 11h desta segunda-feira (14), 24 unidades estão com a energia restabelecida e 48 unidades relatam problemas decorrentes das fortes chuvas”, informou a pasta.
O Procon de São Paulo notificou nesta segunda-feira (14) a concessionária de energia Enel Distribuição SP para que a empresa preste esclarecimentos sobre o apagão. Foi dado o prazo de 48 horas para que a concessionária encaminhe esclarecimentos sobre o atendimento aos consumidores e as providências operacionais adotadas para atender à emergência.
Os consumidores da capital paulista que quiserem registrar reclamação relacionada à falta de energia elétrica poderão contar, a partir desta terça-feira (15), com novos postos avançados do Procon – além dos locais tradicionais de atendimento, que podem ser consultados no site do Procon. Os novos postos funcionarão nas estações Tatuapé da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Sacomã do Metrô e Jabaquara da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), das 9h às 15h, até a sexta-feira (18).
Até as 14h de hoje, permaneciam ainda sem luz, desde a sexta-feira, cerca de 400 mil clientes da Enel. As cidades mais prejudicadas são São Paulo, com 283 mil imóveis sem luz, especialmente nos bairros Jabaquara, Santo Amaro, Pedreira e Campo Limpo; Cotia (SP), com 31 mil clientes sem energia; e Taboão da Serra (SP), com 32 mil imóveis sem luz.
Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Controladoria Geral da União (CGU) vai realizar uma auditoria para apurar responsabilidades pelo apagão de energia elétrica que atingiu a região metropolitana de São Paulo, deixando milhares de imóveis sem luz. Até a atualização mais recente da Enel, concessionária de energia que atende a região, cerca de 400 mil unidades consumidoras ainda estão sem luz desde a sexta-feira (12), quando fortes chuvas e vendavais com mais de 100 km/h atingiram o estado. Ainda não há previsão para o pleno restabelecimento do serviço.
“Alguma falha houve. Em que extensão essa falha é da fiscalização da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], em que extensão essa falha é da fiscalização da própria agência do estado de São Paulo ou em que extensão pode ter havido algum tipo de mecanismo de manipulação da própria empresa para que as falhas que ela eventualmente fazia não fossem detectadas, tudo isso a nossa investigação vai determinar e dimensionar”, explicou o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
O titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), Wadih Damous, anunciou também que o governo federal vai cobrar da Enel o ressarcimento de prejuízos causados pelo apagão nos últimos dias na cidade. Desde o ano passado, quando um outro apagão em São Paulo deixou milhares de imóveis sem luz, a pasta aplicou multa de R$ 13 milhões contra a Enel, que recorreu da condenação.
“A orientação que nós damos aos consumidores, por exemplo, que tiveram eletrodomésticos danificados por conta do apagão, é que guardem a nota fiscal. Pessoas que tiveram remédios estragados, que guardam medicamentos na geladeira, devem registrar e requerer à empresa”, destacou Damous.
O secretário afirmou que vai se reunir com o Procon de São Paulo para orientar os consumidores da capital e da região metropolitana afetados. A Senacon será notificada a apresentar um diagnóstico completo do apagão, incluindo consumidores afetados, canais de atendimento disponibilizados, além do prazo para a volta do serviço (com Agência Brasil).