O Brasil é o país com a maior taxa de juros ao ano, descontada a projeção de inflação, segundo o ranking mundial de juros reais compilado pelo portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management. A lista tem 40 países.
Essa marca foi alcançada após o Copom (Comitê de Política Monetária) Banco Central ter elevado na última quarta-feira (2) a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, a 10,75% ao ano.
Para chegar aos juros reais, porém, o estudo fez uma equação entre as taxas nominais estimadas e aquelas negociadas a mercado para janeiro de 2023. No caso do Brasil, a referência dos juros de mercado é o índice dos contratos DI (Depósitos Interbancários), que estava em cerca de 11,9% ao ano na última quarta.
Desse cálculo é descontada a perspectiva de alta da inflação para os próximos 12 meses -para o Brasil, a projeção é 5,38%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. O resultado é uma taxa de juros real de 6,41% ao ano, colocando o Brasil no topo do pódio dos países com o crédito mais caro, à frente de Rússia (4,61%) e Colômbia (3,02%).
A lista de nações com taxas positivas é pequena, tem apenas dez posições, ocupadas também por Chile, México, Indonésia, Hungria, Turquia, Malásia e República Tcheca. Outros 30 estão em situação inversa.
A Argentina no fim da fila. O país vizinho tem juros negativos de 14,5%, o que reflete uma inflação que fechou 2021 em alta de 51%.
Considerando a média geral dos países listados, a taxa mundial de juros está negativa em 1,27%.
Na maior parte do planeta, as economias seguem com juros abaixo das taxas estimadas de inflação.
Esse cenário reflete a rápida e surpreendente escalada de preços global. Uma situação gerada pelo desequilíbrio entre a alta demanda e a baixa oferta de mercadorias e insumos após a retomada econômica gerada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19 nas principais economias mundiais.
Bancos centrais em todo o mundo, porém, iniciaram ou discutem começar apertos monetários -elevar juros- para combater a escalada do custo de vida.
Entre os 40 países do ranking, 67,50% mantiveram suas taxas na última rodada de discussões das suas respectivas autoridades monetárias, enquanto 32,50% elevaram taxas.
No cômputo geral, que extrapola o ranking, dos 167 países analisados, 78,44% mantiveram os juros e 19,16% elevaram. Apenas 2,40% cortaram.