O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, hoje pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro (RJ), orientou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a manter o tom de ataque contra as urnas eletrônicas e ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). É o que aponta investigação da Polícia Federal (PF) no caso conhecido como “Abin paralela”.
A PF apura a suposta utilização da Abin, sob o governo Bolsonaro, para monitorar e espionar políticos, parlamentares, servidores públicos, auditores da Receita Federal, jornalistas e ministros do STF.
Em seu depoimento de quase 7 horas à PF, no dia 17 de julho, Ramagem foi confrontado sobre arquivos e documentos encontrados em seu e-mail com algumas dessas orientações a Bolsonaro.
Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo, Ramagem teria admitido que costumava escrever textos “para comunicação de fatos de possível interesse” de Bolsonaro. O ex-chefe da Abin disse, no entanto, que não se recordava se essas mensagens teriam sido, de fato, encaminhadas ao então presidente.
Em um dos textos, segundo O Globo, Ramagem orienta Bolsonaro a reforçar publicamente a suposta “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas no Brasil.
Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos”, diz uma das mensagens localizadas pela PF.
“O argumento na anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. Na realidade, a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente”, prossegue Ramagem. “A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente.”