O presidente dos EUA, Joe Biden, de 81 anos, anunciou neste domingo (21) que desistiu de disputar a reeleição e declarou que apoia que sua vice, Kamala Harris, assuma a cabeça da chapa como candidata à Presidência.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden em um comunicado publicado neste domingo na rede X. “Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.”
O primeiro texto publicado pelo presidente não indicava quem Biden deseja ver disputar a eleição no seu lugar, mas em uma mensagem posterior, Biden apontou que apoia que a vice-presidente, Kamala Harris, assuma a candidatura.
“Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso.”
Os democratas terão agora que oficializar uma nova chapa na convenção do partido, prevista para agosto, em Chicago. Não está claro se todos os delegados democratas vão aceitar Harris como substituta.
A decisão foi anunciada semanas após um desastroso desempenho em debate televisivo contra o ex-presidente Donald Trump. Durante o duelo, Biden falou com voz rouca, gaguejou várias vezes, teve que se corrigir repetidamente e, em alguns momentos, pareceu mais tímido e menos concentrado que seu rival.
A performance gerou especulações sobre se o democrata – que aos 81 anos é o presidente mais velho da história dos EUA – teria condições para exercer um segundo mandato como chefe de governo americano.
Durante o duelo na TV, a Casa Branca afirmou que Biden estava resfriado. Mas logo após o fim do debate, cada vez mais vozes diziam que os democratas não podiam mais ignorar a discussão sobre se Biden é mesmo o candidato certo para derrotar Trump.
Abrindo uma mesa-redonda pós-debate, o apresentador da CNN John King disse haver “um pânico profundo, amplo e muito agressivo no Partido Democrata” após o desempenho “desanimador” de Biden.
Nas últimas semanas, a pressão foi crescendo no próprio partido do presidente, com diversos membros da legenda vindo a público pedir para que ele desistisse da campanha à Casa Branca. O governante teve que se pronunciar mais de uma vez, negando que fosse abrir mão da candidatura.
No dia 17, a rede de TV americana CNN contabilizava cerca de 20 congressistas democratas que apelavam publicamente para que Biden deixasse a disputa.
Um deles foi o influente deputado Adam Schiff, da Califórnia. Ele pediu a Biden que “passe a tocha”, em declaração ao jornal Los Angeles Times, tornando-se o democrata de maior peso a apelar para que o presidente desista da candidatura e o primeiro a tomar essa posição desde a tentativa de assassinato contra Donald Trump.
A preocupação, segundo a mídia americana, também foi compartilhada por muitos outros membros do Partido Democrata que preferiram manter suas opiniões em privado. Já grandes doadores da sigla começaram a se perguntar se estavam investindo fortunas em uma causa perdida.
O ator e diretor George Clooney, doador democrata altamente influente e um dos maiores apoiadores da reeleição de Biden, publicou um artigo no jornal The New York Times pedindo a desistência do mandatário. De acordo com a mídia dos EUA, o artista chegou a conversar com o ex-presidente Barack Obama antes de publicar o texto.
Tentando dar um fim aos rumores, Biden agendou uma coletiva de imprensa logo após o fim da cúpula da Otan realizada em Washington. Por cerca de uma hora, Biden falou sobre diversos temas da política internacional e insistiu perante os jornalistas ser “a pessoa mais qualificada para concorrer à presidência”, garantindo que derrotaria Trump mais uma vez e que queria “concluir o trabalho que comecei”.
Mas a entrevista foi ofuscada por gafes do chefe de governo. Logo no começo da entrevista, ele trocou o nome de sua vice, Kamala Harris, pelo de Donald Trump. Momentos antes, durante um evento na cúpula da Otan, apresentou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, como “presidente Putin”, para se corrigir logo em seguida. Os lapsos acabaram dando mais combustível às especulações sobre o estado físico e mental do governante.
(Deutshe Welle – Brasil)