“Se não buscarmos uma forma sustentável de subsídio, como fizemos em Goiânia, vai colapsar”, disse o governador sobre aumento da tarifa do transporte coletivo no Entorno do Distrito Federal
“É injusto e não resolve o problema estrutural do transporte coletivo na região” afirmou o governador Ronaldo Caiado, nesta sexta-feira (23/02), sobre o reajuste no preço das passagens do transporte coletivo no Entorno do Distrito Federal, que passa a valer no domingo (25/02).
O aumento de 8,56% foi autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, segundo Caiado, vai na contramão de todo o esforço do Governo de Goiás para reduzir o preço cobrado do usuário.
“De Brasília a Planaltina, a tarifa vai custar quase R$ 23 no percurso de ida e volta. Se o usuário for 25 dias a Brasília, gastará mais de R$ 560 por mês. Como fica para o cidadão?”, provocou o governador, destacando que “grande parte dos goianos trabalha em Brasília, já pagando tarifas pesadas por um serviço sem qualidade”.
E manifestou preocupação com a viabilidade do sistema no futuro: “Se não buscarmos uma forma sustentável de subsídio, como fizemos em Goiânia, vai colapsar”.
A decisão da ANTT também foi criticada por auxiliares do governador.
“Mais esse aumento é insustentável para o trabalhador. Nossa expectativa é que o governo federal se sensibilize e assuma a responsabilidade dele como gestor do transporte na região, aceitando dividir os custos da passagem no Entorno, subsídio que já tem consenso entre os governos de Goiás e do DF”, reiterou a secretária do Entorno do Distrito Federal (SEDF-GO), Caroline Fleury.
O secretário-Geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, lembra que há mais de um ano o Estado vem tentando orquestrar uma solução com o governo federal.
“É uma crise previsível, porém estamos de mãos atadas se o gestor do transporte na região, que é a União, não colaborar”, disse.
Ele reforça, ainda, o modelo de sucesso realizado pelo Estado na região metropolitana de Goiânia, que desde 2019 tem a tarifa congelada em R$ 4,30.
Já o senador Jorge Kajuru pediu ao ministro dos Transportes, Renan Filho, para que suspenda o reajuste em pelo menos 180 dias. Esse tempo coincide com o prazo determinado pelo próprio ministro para a finalização das atividades do Grupo de Trabalho (GT) sobre a gestão do transporte na região, que conta com representantes dos governos de Goiás, do Distrito Federal e da União.
O GT foi criado por meio da Portaria 129/2024 do Ministério dos Transportes (MT), na semana passada.
De acordo com pesquisa feita pela SGG, hoje o preço médio da tarifa é de R$ 7,72, sendo a máxima praticada em Novo Gama, que chega a R$ 10,80. Com o reajuste de 8,56%, o valor médio passa para R$ 8,38 e o mais alto a R$ 11,70 por passagem.
O aumento foi autorizado pela ANTT, sem consulta ao Governo de Goiás, já que o transporte na região é considerado interestadual e, conforme a legislação vigente, responsabilidade da União. É a terceira vez em menos de um ano que o usuário tem de pagar mais caro pelo serviço.