O médico e ex-secretário estadual da Saúde, Ismael Alexandrino (PSD), foi eleito levantando bandeiras da saúde público. Ele seria a voz de Goiás na defesa do SUS e da melhoria da qualidade de atendimento médico à população, especialmente para assistir os segmentos mais carentes.
Dois anos após o início do mandato na Câmara dos Deputados, Alexandrino não tem muito para mostrar. Não tem se notícia de nenhuma proposta apresentada por ele na área da saúde, cujo setor, repita-se, foi alvo de dezenas de suas promessas de campanha. É um verdadeiro zera à esquerda na questão da saúde,
O curioso foco de atuação de Alexandrino no Congresso Nacional, por mais incrível que possa parecer, não tem nada a ver com jaleco, estetoscópio e bisturi, mas, sim, com munição e armas de fogo. O médico Alexandrino, que pela própria natureza de sua profissão deveria ser pacifista e cuidar da vida, é um dos notórios líderes da bancada da bala, formada por um grupo de deputados que defende ardorosamente o uso e a dissseminação de armas de fogo no Brasil.
É isso mesmo: o médico Alexandrino é um dos cabeças da bancada da bala, ao lado de ex-militares e ex-delegados de polícia que detém mandato de deputado federal. A turma feroz do “caveirão”.
Calcula-se que pelo menos 47 deputados integram da bancada da bala. O PL, legenda de Bolsonaro e hoje o principal partido da oposição, é majoritário. Alguns dos parlamentares, porém, são mais ativos nos debates na Câmara, com ênfase na Comissão de Segurança Pública, ambiente onde a frente parlamentar exerce maior influência.
De acordo com o site Congresso em Foco, que publicou levantamento sobre os líderes da bancada da bala, Alexandrino preside a sub-Comissão de Defesa do Tiro Esportivo e, dissimulado, evita se apresentar como militante da causa armamentista, mas circula como poucos nos bastidores.
Ele é um dos articuladores da bancada da bala ao lado de parlamentares de extrema-direita como o Coronel Fraga e o Capitão Augusto. Para um médico eleito para defender a saúde pública – e, por consequência, a vida – nada mais incoerente e estapafúrdio do que ser um deputado defensor de armas de fogo que provocam tragédias e morte.