A investigação da Polícia Federal (PF) aponta que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) usou a estrutura do órgão para fazer espionagens ilegais que favoreceriam a família do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O parlamentar foi alvo de busca e apreensão em operação nesta quinta, 25. A medida foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Na decisão, o ministro listou os casos em que teria ocorrido práticas ilícitas, entre eles dois em que teria favorecimento a dois filhos de Jair Bolsonaro, Flávio e Jair Renan.
“Os policiais federais destacados [que atuavam na Abin], sob a direção de ALEXANDRE RAMAGEM, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de RENAN BOLSONARO, filho do então Presidente JAIR BOLSONARO”, escreveu o magistrado.
Outro caso em que teria havido interferência foi para “utilização da ABIN para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do Senador FLÁVIO BOLSONARO”:
No caso de Jair Renan, segundo a PF, membros da Abin teriam agido para produzir provas que contariassem informações de uma investigação da Polícia Federal. A investigação, aberta em 2021, indicava que por “suposto tráfico de influência” de Jair Renan, ele teria recebido um “veículo elétrico para beneficiar empresários do ramo de exploração minerária”. A Abin, segundo a investigação da PF, buscou produzir provas que comprovassem que o carro não pertencia ao filho do presidente, mas que estava em posse “de um dos principais investigados – sócio de Renan Bolsonaro”. À época da divulgação da investigação de tráfico de influência, Jair Renan negou irregularidades.
Outro caso envolvendo o clã diz respeito ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho 01. Segundo a PF, a Abin ajudou a produzir relatórios que auziliassem a defesa do político no caso das “rachadinhas” – prática em que funcionários públicos devolvem parte do seu salário ao político.
Além desses casos, a PF aponta que a Abin foi utilizada, ilegalmente, para espionar outras autoridades e situações, tais como:
Em nota, o senador Flávio Bolsonaro disse que a operação desta quinta “é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro”. Sobre o caso das rachadinhas, ele sempre negou irregularidades e crimes.