O dramaturgo Nelson Rodrigues batizou de “complexo de vira-lata” nossa mania de achincalhar o país e os conterrâneos. “Só no Brasil mesmo”, dizemos diante de eventual patacoada, que os estrangeiros também cometem. As leis não prestam, o clima é péssimo, a economia não vale nada, o futuro ficou no passado, enfim, os portugueses enterraram uma cabeça de jegue na baía de Cabrália.
Uma das autochacotas é comparar os empresários e resolver que os de fora são Gandhi na bondade das doações e vivemos na República do Nonô Corrêa, o pão-duro da novela exibida pela TV Globo em 1984. É o jeitinho brasileiro de revirar as lixeiras do 1º mundo. Para entender esse complexo, leia 3 histórias: a da nota de R$ 200,00, a dos feriados e a do ministro na rede.
Enquanto você diz “oi, sumida” para a cédula de R$ 200, o Banco Central imprimiu 450 milhões delas e já colocou no mercado 132 milhões.
O Brasil supera 10.000 feriados, se somarmos os 5.569 aniversários de cidades, mais os padroeiros. Quanto mais informal, mais respeitado: o Carnaval, por exemplo, paralisa a nação de uma 6ª feira até a 5ª feira da semana seguinte e não é feriado nacional.
No sábado (9.dez.2023), o ministro dos Direitos Humanos gastou 2 minutos e 55 segundos em rede de rádio e TV, na qual cada segundo é precioso e caro, para celebrar o Dia Internacional de sua pasta. Trata-se de perigoso precedente, pois de domingo a domingo tem trocentas comemorações de dia disso, dia daquilo.
Apesar deles, existe 1 exército de prontidão, é o que sustenta a causa (os criadores de direitos, inclusive aos feriados) e a consequência (os colaboradores, que não podem trabalhar nem se quiserem, impedidos pela República dos Sindicatos). A essas vítimas dá-se a alcunha de pagador de impostos, a turma que de janeiro a abril de 2023 pagou R$ 1 trilhão em tributos, segundo o Impostômetro. Mantido o ritmo das extorsões, serão R$ 3 trilhões até o final do ano ou 15 bilhões da cédula de R$ 200.
Atenção para os números do espetáculo:
O resultado é estratosférico. Quer dizer, mais alto ainda, pois cada cédula tem 0,01 cm. Se os pagadores de impostos quitassem os R$ 3 trilhões com notas de R$ 1, tão desaparecidas quanto as de R$ 200, a dinheirama preencheria quase os 384 mil km da Terra à Lua.
Achou exagero? Pois é, a ilha de Vera Cruz tinha de ser nº 1 em alguma coisa.
Se governo nenhum em tempo algum cria ou criou riqueza alguma, quem paga a farra, da exibição de ministro nas telinhas a salários e aposentadorias, infraestrutura, eternas dívidas com bancos, enfim, o custo Brasil?
A resposta está em duas notícias:
Lacradores juntam os 2 assuntos e postam:
O bilhão será doado aos pobres pelos pagadores de impostos. Nisso, o poder público é socialista, suga a algibeira do mendigo que ganha uma esmola e vampiriza o balanço da indústria que cria emprego, divisas e modernização. Aqui, são 214 milhões de pescoços a prêmio, sejam os que têm joias de esmeralda ou os que exibem picadas de pernilongo.
Se repassar R$ 1 bilhão para quem mais precisa, cadê os demais R$ 2.999.000.000 que os pagadores de impostos tiraram da boca para superlotar a goela dos cofres públicos?
Pesquisa do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) concluiu que, do gari ao CEO, transpiramos 147 dias de 2023 exclusivamente para pagar impostos. As pessoas físicas chegam a dezembro de olho nas promoções de frutas para organizar a ceia de Natal, pois o 13º se esvai nos boletos.
E as pessoas jurídicas vão reabrir em 2024 por heroísmo dos empreendedores, pois, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil tem a 2ª maior carga tributária para empresas no mundo, 34%.
Portanto, comparado aos empresários nacionais, Buffett é um muquirana que não abre mão nem para jogar moedinha de US$ 1 cent em chapéu de pedinte.