A ex-mulher do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Julyenne Lins acusou o ex-marido de violência sexual em entrevista à Agência Pública. Julyenne relatou ter sido estuprada pelo deputado em 5 de novembro de 2016, noite em que, segundo ela, Lira também a agrediu física e verbalmente e a ameaçou de morte em meio a uma crise de ciúmes.
Julyenne já havia dito que foi agredida pelo ex-marido, mas é a primeira vez que ela fala publicamente em violência sexual. Ela chegou a registrar um boletim de ocorrência na polícia, e o caso tramitou na Justiça até que o Supremo Tribunal Federal (STF) inocentou Lira em 2015.
Além do exame de corpo de delito, quatro testemunhos do que teria acontecido naquela noite deram embasamento ao inquérito policial que indiciou Arthur Lira pelas supostas violências físicas, em 16 de agosto de 2007. “O exame de corpo de delito foi a prova material robusta, técnica, isenta de qualquer julgamento. Eu tinha prova material, era inequívoca, as testemunhas falavam de forma coerente, contavam a narrativa, os depoimentos eram verossímeis com o fato”, afirmou à Pública a delegada que presidiu o inquérito, Fabiana Leão Ferreira.
Com base nas provas colhidas no inquérito policial, o procurador-geral da República Roberto Gurgel ofereceu denúncia contra Lira em 9 de março de 2012. Ao longo da investigação, a polícia ouviu duas mulheres que trabalhavam na casa, a mãe e o irmão de Jullyene. À época, todos eles confirmaram as agressões. Jullyene e algumas testemunhas, no entanto, voltaram atrás em seus depoimentos, o que resultou na extinção do processo contra o presidente da Câmara. Ela alega hoje que recuou após ter sido ameaçada pelo ex-marido.
O que disse Julyane
O relato de Julyenne à Agência Pública foi em 6 de junho deste ano. Na entrevista, estava acompanhada de sua advogada.