Brasil, 06 de outubro de 2024
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Economia

“Temos potencial para ser supermercado do mundo, não só fazenda”, diz ex-ministro Cabrera na Faeg

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Como transformar o gigantismo do Brasil no agro em crescimento também no processamento da produção no País? Para responder a esse questionamento e lançar luz aos desafios para industrialização de nossas commodities, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) recebeu segunda-feira (08/05) o ex-ministro da Agricultura e atual vice-presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Antônio Cabrera. A palestra Abertura de Novos Mercados para Expansão Agroindustrial: Desafios e Oportunidades, organizada pelo Conselho Temático da Agroindústria (CTA) em parceria com a Câmara Setorial de Alimentos e Bebidas (Casa), contou com presença do presidente da Fieg, Sandro Mabel e participação do vice-presidente André Rocha. O debate foi moderado pelos presidentes Marduk Duarte (CTA) e Marcelo Martins (Casa).

“Não é novidade para ninguém que Goiás é um Estado protagonista na pauta do agronegócio brasileiro e mundial. Somente para a China, temos potencial de aumentar nossas exportações em 50% até 2030. Contudo, temos alguns desafios a enfrentar”, afirmou Sandro Mabel na abertura do evento, listando insegurança jurídica, redução do custo Brasil e desburocratização como alguns dos entraves que o setor industrial precisa vencer para recuperar o protagonismo no Produto Interno Bruto (PIB) nacional e ter competitividade na hora de exportar produtos.

Logo no início de sua palestra, Antônio Cabrera afirmou que a maior batalha do agronegócio brasileiro não está além-fronteiras, mas dentro do próprio País. “Precisamos de uma política industrial para o Brasil, que incentive investimentos, ao invés de atrapalhar”, sustentou, ao defender iniciativa similar à Lei Kandir, no agro, mas para o fomento da indústria.

“Não queremos ser somente a fazenda do mundo. Temos potencial para ser o supermercado do mundo. Precisamos é ter segurança jurídica para isso e as mesmas condições de competitividade que outros países possuem”, afirmou Cabrera, ressaltando a necessidade de remover obstáculos à inovação, de aprovar uma Reforma Tributária que traduza em redução da carga na ponta e de discutir uma Reforma Administrativa que reduza o custo do Estado.

“Somos a última fronteira agrícola do planeta e protagonista das duas principais pautas mundiais do momento: segurança energética e mudanças climáticas. Precisamos recontar nossa história. Mostrar para os consumidores estrangeiros, por exemplo, que um melão produzido no Nordeste brasileiro à venda em um supermercado na Europa emite menos CO2 do que um melão produzido na Espanha.”

Cabrera apontou oportunidades que a agroindústria brasileira possui para crescer, sobretudo considerando a região do Sudeste Asiático, que concentra hoje mais da metade da população mundial. “O mundo está mudando. A prioridade da Europa não é a prioridade do mundo. Precisamos entender onde está nosso cliente do futuro e suas necessidades.”

O ex-ministro apresentou ainda dados sobre a relevância do Brasil no cenário mundial de produção de commodities e exportação de alimentos, sustentando a importância de o País encampar ação geopolítica estratégica. A opinião foi compartilhada pelo vice-presidente da Fieg André Rocha, que defendeu essa atuação tática e planejada como forma de abrir novos mercados aos produtos brasileiros.

A palestra Abertura de Novos Mercados para Expansão Agroindustrial: Desafios e Oportunidades foi transmitida ao vivo pelo canal Sistema Fieg no Youtube e está disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=MAfu3-pCtqs. Participaram do encontro empresários e profissionais que atuam no setor em Goiás. O presidente do Sincafé, Jaques Silvério, acompanhou presencialmente o debate.