É comemorado nesta quarta-feira (8) o Dia Internacional da Mulher. Entre vitórias e derrotas, as mulheres vão assegurando seu verdadeiro espaço na sociedade. No segmento da construção civil, historicamente estigmatizado como restrito ao sexo masculino, o cenário vem mudando nos últimos anos e elas têm conquistas a comemorar, mas ainda um caminho a percorrer para obter a igualdade salarial com os homens.
Em Goiás, o número de mulheres na construção civil cresceu 16% entre 2011 e 2021, enquanto o número de homens caiu 18% no mesmo período. Por outro lado, em 60% das atividades em que há atuação tanto de homens quanto de mulheres, a remuneração dos homens é maior em alguma proporção, sobretudo para engenheiro de produção, engenheiro de minas, engenheiro eletricista de projetos, pesquisador de engenharia civil e engenheiro eletricista. Há casos em que a disparidade passa dos 200%.
Os dados são recorte de uma pesquisa divulgada, no dia 1º de março, pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e pelo Sebrae Goiás sobre escassez de profissionais na construção civil no Estado. Sob encomenda do Conselho Temático de Relações do Trabalho (CTRT), da Fieg, o estudo foi desenvolvido em conjunto com o Sebrae (GO) e com apoio do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon) e do Senai. Por meio do Observatório Fieg Iris Rezende, o IEL avaliou o desempenho das atividades do setor e os gargalos a serem corrigidos a fim de encontrar subsídios para enfrentar seus inúmeros desafios.
Na pesquisa, feita em Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo, capítulo dedicado às mulheres revela que mais da metade (56%) tem renda de até dois salários-mínimos. Já 18% recebem até um salário mínimo. Apenas 4% das mulheres possuem renda superior a dez salários mínimos. Apesar de haver mulheres em diversas áreas da construção, a maior concentração está na área administrativa.
Em 2011, elas eram 8% do total de trabalhadores da construção, passando em 2021 para 10%, num aumento de 16%, enquanto o número de homens caiu 18% no mesmo período. Quanto à faixa etária, 52% das mulheres na construção têm entre 30 e 49 anos, enquanto 37% têm até 29 anos.
O perfil mostra ainda que 62% delas são solteiras, 26% casadas, 10% divorciadas e 2% viúvas, e 69% têm filhos. Quanto à escolaridade, o número de mulheres com ensino médio completo cresceu de 32% para 51% (de 2.525 para 4.122) entre 2011 e 2021. Já com ensino superior, saiu de 19% para 22%.
Elas estão felizes
Mesmo com um caminho a percorrer para se igualar aos homens na questão salarial e na presença na construção civil, 90% das entrevistadas disseram se sentir felizes no trabalho. Entretanto, 63% revelaram não incentivar os filhos a trabalharem na construção, principalmente porque o serviço é pesado.
A pesquisa mostra também que o preconceito é ainda bastante presente no setor, pois 40% afirmaram que se sentem pouco respeitadas por colegas de trabalho e outras 31% já sofreram alguma brincadeira que não tenham gostado no ambiente de trabalho.
Segundo o levantamento, o preconceito é praticado por uma minoria dos homens, pois 75% dos trabalhadores entrevistados aprovam a presença feminina na mão de obra na construção. Eles acreditam que há espaço para todos, e citam, inclusive, que há serviços que elas fazem melhor que os homens, porque elas são capazes, qualificadas e decidem onde devem trabalhar.
Apenas 6,5% desaprovam a presença da mulher na construção, principalmente por considerarem que o trabalho é pesado e perigoso e o ambiente é machista. Para 31% das entrevistadas, a maioria de seus colegas aceita a mulher, sem discriminação, no canteiro de obra. Já 26% acham que a maioria de seus colegas não aceita, por puro machismo. A pesquisa foi realizada em setembro de 2022, em um universo de 430 trabalhadores da construção civil.