Brasil, 20 de setembro de 2024
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Goiânia

Gestão do prefeito Rogério Cruz não tem marca

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Um ano após tomar posse e assumir definitivamente a Prefeitura de Goiânia, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) não conseguiu impor seu nome frente a administração, não tem marcas e nem conjunto de obras para chamar de sua. Essa é a avaliação de especialistas e analistas políticos consultados pelo Diário de Goiás. Apesar de tudo, há ressalvas: vereador até a legislatura passada, o prefeito soube compartilhar até demais o diálogo com a Câmara Municipal.

Para o jornalista e pesquisador Luiz Signates, o republicano faz uma “gestão regular”. “Não é ruim, porque a prefeitura está caminhando, apesar de termos sinais de conflitos internos que podem criar embaraços para a continuidade das obras que a prefeitura está tocando e dos atrasos na finalização de certas realizações deixadas pelo ex-prefeito Íris, como o caso típico do BRT”, destaca. “Mas, também, é uma gestão que não disse ainda a que veio. Não tem uma marca, um conjunto de obras que Rogério Cruz possa chamar de sua.”

Com pouco tempo de gestão, teve de encarar o desembarque do grupo emedebista tocado por Daniel Vilela da administração. Signates avalia que esse episódio marcou a “falta de habilidade política de ambos os lados”. De modo que o conflito foi consolidado com a ruptura. “Daniel esperava mais como eventual herdeiro político do pai ausente e Cruz esperava menos em relação à autoridade do filho de Maguito dentro da administração que passava a ser dele.” O filho de Maguito seguiu seu rumo. “Daniel saiu, para abraçar Caiado e, de novo, em condição secundária”. 

Signates pontua que, o MDB não parece estar fazendo falta, haja vista, que Rogério Cruz tem os vereadores em sua mão. “Nesse sentido, observando a gestão de Rogério Cruz e as alianças políticas que têm mantido na gestão de Goiânia, não me parece que o MDB esteja fazendo falta, afinal, o prefeito dispõe de maioria folgada na Câmara Municipal.”

Terceirização de pautas junto aos vereadores

Para o cientista político Guilherme Carvalho, essa “maioria folgada” pode até ser boa para o prefeito, haja vista que tem governabilidade a partir disso, no entanto, é um sinal da ‘terceirização da administração’.  “Houve forte presença do poder legislativo nas ações de gestão e isso significa a quase inexistência de oposição. Apenas dois vereadores se declararam de oposição e uma oposição muito tímida com cargos e benesses na Prefeitura. Do ponto de vista político, Rogério Cruz soube jogar muito bem, em certo sentido, com a terceirização das pautas da Prefeitura. Rogério Cruz nesse ponto político fez uma gestão compartilhada nesse sentido. Isso não quer dizer que é uma boa avaliação de gestão”, pontua.

Guilherme coloca o Plano Diretor como uma pauta que praticamente foi terceirizada à Câmara. “E a questão do Plano Diretor que está sendo discutido desde o mandato passado e tem muitos interesses locais e imobiliários mas que você não sente a presença da prefeitura. A presença do debate inteiro é dos vereadores e parece que assim como todas as ações passadas, a sociedade não foi chamada para o debate.”

Apesar da terceirização, o compartilhamento junto a gestão com a Câmara Municipal não deve apresentar grandes impedimentos a Rogério Cruz. “Penso que enquanto o prefeito compartilhar a gestão com as forças políticas que sustentam as decisões na Câmara, ele não terá grandes problemas políticos em sua administração”, destaca Signates. (Diário de Goiás)