Dica de leitura: livro conta saga de corrupção de Sérgio Cabral, que STF acaba de soltar da cadeia

A agenda do então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, previa apenas despachos internos naquele dia. Mas a verdade é que ele estava a milhares de quilômetros dali, um restaurante do chef Alain Ducasse, em Mônaco, com a esposa, Adriana Ancelmo, o empreiteiro Fernando Cavendish (dono da Delta) e a esposa de Fernando Jordana. Depois do almoço, Cabral levou Cavendish para um passeio a pé e o constrangeu a pagar por um anel de ouro de R$ 800 mil em uma joalheria: “vou dá-lo à minha esposa e gostaria que você pagasse”.

Cavendish concordou, desde que fosse contemplado com licitações estatais. Um ano depois, a Delta seria contratada para realizar 30% da cobiçada reforma do Maracanã para Copa do Mundo de 2014, orçada em R$ 100 milhões. Esse e muitos outros episódios que compõem a saga de corrupção do ex-governador do Rio de Janeiro estão no livro “Sérgio Cabral: o homem que queria ser rei”, escrito por Hudson Corrêa e publicado em 2018.

Trata-se de leitura obrigatória para entender como se rouba dinheiro público no Brasil. E, mais ainda, para compreender o quanto é a absurda da decisão do ministro Gilmar Mendes (STF) de liberar Cabral da cadeia, na última sexta-feira (16). O ex-governador foi condenado a 390 anos de prisão na Lava-Jato.