O poeta e tradutor Thiago de Mello morreu na madrugada desta sexta-feira (14(, aos 95 anos, em sua casa, em Manaus, de causas naturais. Reconhecido com um dos grandes nomes da literatura no Brasil, ele alcançou fama internacional graças a poemas como o clássico Os Estatutos do Homem, escrito em abril de 1964, quando Thiago de Mello era adido cultural da embaixada do Brasil no Chile e amigo de Pablo Neruda.
Nascido em Barreirinha, no Amazonas, sempre foi um defensor da natureza. “Para fazer algo em defesa da humanidade é preciso, em primeiro lugar, que cada um de nós tente persuadir pelo menos um companheiro, que cada um de nós faça qualquer coisa por este planeta Terra tão degradado”, afirmou, durante a Feira Internacional do Livro de Havana, em 2005. “A Terra flutua hoje no espaço como um pássaro em extinção.”
O interesse sempre norteou a carreira do poeta, que largou a faculdade de Medicina para seguir a literatura e lançar, aos 25 anos, seu primeiro livro de poemas, Silêncio e Palavras. Lançou diversas obras até ser exilado em 1964, quando esteve na Argentina, Portugal, França, Alemanha e Chile. Nessa época de repressão militar, tornou-se famoso um poema seu, que dizia: “Faz escuro mas eu canto”.
Retornou ao Brasil em 1978, quando seu nome já era conhecido internacionalmente por lutar pelos direitos humanos, ecologia e paz mundial.
Leia abaixom um dos poemas mais conhecidos de Thiago de Mello:
Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.