Brasil, 06 de outubro de 2024
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Política

No JN, Bolsonaro mente sobre STF e entra embate com Bonner e Renata Vasconcelos

Publicado em atualizado em 24/08/2022 às 12:24

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), voltou a atacar às urnas durante entrevista ao Jornal Nacional na noite desta segunda-feira, 22. Ele é o primeiro presidenciável a participar da série de entrevistas promovida pela TV Globo e entrou em vários embates com os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos. Além de panelaços pelo Brasil, o bate-papo também gerou uma série de memes.

Bonner começou a entrevista questionando o presidente sobre os xingamentos desferidos por ele a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e sobre os ataques recentes feitos às urnas. “O que o senhor pretendeu com isso? O senhor pretendeu criar um ambiente que permitisse um golpe?”, perguntou o apresentador do JN.

“Primeiro, você não está falando a verdade quando fala xingar ministros. Isso não existe. O que você está falando é fake news”, respondeu Bolsonaro. Em seguida, o presidente voltou a afirmar que quer transparência nas eleições e usou dados falsos para atacar a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

“Há um inquérito assinado pelo chefe do TI do TSE que hackeres ficaram por meses com a senha de um ministro acessando o TSE. O TSE não anunciou isso na hora que aconteceu, meses depois informou que os logs tinham sido apagados. Nós queremos evitar que hajam dúvidas”.

Em seguida, Bonner o retrucou e retomou o assunto. “O senhor disse que eu fiz fake news, mas o senhor xingou o ministro do Supremo de canalha”, disse o apresentador. “Quem vem sendo perseguido o tempo todo por um ministro do Supremo sou eu, em um inquérito totalmente ilegal. Hoje em dia, pelo que tudo indica está pacificado, espero que seja uma página virada”, rebateu Bolsonaro, que retomou o assunto das urnas em seguida.

“E quem vai decidir essa questão de transparência ou não serão as Forças Armadas, que foram convidadas a participar das eleições”, afirmou.

Ao ser questionado sobre a defesa da intervenção militar por parte de seus apoiadores, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, defendeu o direito deles se manifestarem e disse que ‘isso faz parte da democracia’. 

“As manifestações não tem ruídos, não tem sequer uma lata de lixo virada na rua. Esse artigo faz parte da constituição. Isso é liberdade de expressão, faz parte da democracia, não posso eu mandar fechar o Congresso Nacional ou o STF. Vejo essas manifestações como nada demais”, disse o candidato à reeleição.

Ao ser provocado por William Bonner a assumir um compromisso de respeitar o resultado das eleições, Bolsonaro relutou e disse que aceitará o resultado desde que o processo eleitoral seja limpo, reiterando a ressalva mais de uma vez: “Seja qual for, eleições limpas devem e serão respeitadas. Serão respeitados os resultados das urnas desde que sejam transparentes”. 

Pandemia

Ao falar sobre a pandemia, o presidente disse que o governo federal agiu de forma correta.”Nós compramos mais de meio milhões de doses de vacinas, só não se vacinou quem não quis. Vocês dois acho que se vacinaram, com a vacina que eu comprei”, disse ele aos jornalistas. “Fizemos nossa parte e o grande erro disso tudo foi um trabalho forte da mídia, inclusive da Globo, desestimulando o tratamento precoce”, disse o presidente em referência a medicamentos que não tiveram eficácia comprovada para a Covid-19, nem foram recomendados pelos órgãos competentes.

Sobre a forma que tratou a imunização ao falar que quem tomasse a vacina poderia se tornar “jacaré”, o presidente afirmou: “No contrato da Pfizer diz que ele não está responsabilizada pelos sintomas da vacina. Por isso usei uma figura de linguagem: jacaré. E outra, eu não errei em nada no que falei. Hoje, muitos países falam que foi um erro implantar o lockdown, e que as pessoas se contaminaram muito mais em casa. Ou seja, só serviu para atrapalhar nossa economia”, disse. 

Ao ser questionado pelos jornalistas sobre a situação que ficou Manaus no auge da pandemia, ele relatou que o aconteceu lá foi algo “atípico”. Em menos de 48h chegaram cilindros lá de outros locais. Não faltou da nossa parte recursos milionários a prefeitos e governadores. Foram poucos países do mundo que fizeram isso”. 

Mais uma vez questionado por Renata sobre a insensibilidade com as mortes pela covid, ele respondeu: “A solidariedade, eu demonstrei falando com as pessoas. E imediatamente demos o auxílio emergencial às pessoas. Tratei com muita seriedade essa questão. Agora, não adotei o politicamente correto, não estimulei. Quando falei sobre o que era serviço necessário, falei que seria o que levasse o pão às famílias. Lamento as mortes, mas covid não poderia ser tratada como foi inicialmente”, afirmou. 

Economia

Bolsonaro também foi questionado, durante a sabatina nos Estúdios Globo, sobre a questão econômica de seu governo. Bonner fez a ressalva de que o governo Bolsonaro enfrentou a pandemia e a guerra da Rússia contra a Ucrânia, no entanto, também perguntou sobre as propostas do então candidato em 2018, como inflação baixa. O presidente disse que as promessas foram frustradas pelo cenário internacional e por questões naturais.

“As minhas promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme que tivemos em 2021 e também pelo conflito na Ucrânia com a Rússia. Se pegarmos os dados de hoje, você vê o Brasil como único país do mundo com deflação. Um país onde teremos inflação menor que Inglaterra e EUA. Os números do desemprego também estão caindo. Nós precisamos continuar com as reformas, como fizemos em 2019. Com elas pudemos suportar 2020 e 2021”, defendeu.

Ao falar de política, a aliança com o centrão com o governo federal foi questionada por William Bonner. O jornalista lembrou que Bolsonaro se apresentou em 2018 como um outsider. Bolsonaro reagiu em tom irônico: “Você está me estimulando a ser ditador” iniciou falando com Bonner, que respondeu “eu, candidato?”.

Bolsonaro seguiu defendendo suas alianças de governo e disse: “O centrão tem 300 parlamentares, se eu deixar essa base de lado, eu não consigo governar. Então você está me estimulando a ser um ditador. São 513 deputados, 300 são de partidos de centro, pejorativamente chamados de centrão. Os 200 que sobram são do PT, do PC do B, Psol, Rede… Não dá para conversar com eles. Até porque não teriam número suficiente para aprovar sequer um projeto de lei. Então os partidos de centro fazem parte da base do governo para que possamos avançar em reformas”.