O discurso do presidente Jair Bolsonaro sobre as brechas que existem no sistema eleitoral brasileiro não convenceu boa parte dos embaixadores que participaram da reunião de ontem no Palácio da Alvorada.
Segundo diplomatas estrangeiros ouvidos pelo GLOBO, os relatos a serem encaminhados a seus respectivos países é que Bolsonaro não apresentou qualquer prova que justificasse esse posicionamento contrário às urnas eletrônicas.
Alguns disseram estar preocupados com a democracia no Brasil, “uma das maiores do mundo”. Um embaixador comentou que, diante da falta de algo mais concreto, a saída é torcer para que as instituições brasileiras funcionem e um entendimento entre Bolsonaro e o Poder Judiciário permita que as eleições transcorram sem problemas, para que o resultado final não seja questionado.
De acordo com um diplomata estrangeiro, além de não haver nada além do que já foi propagado por Bolsonaro, como um suposto ataque hacker às urnas, o presidente brasileiro demonstrou, ao atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que essa briga tem um forte componente político.
Causou constrangimento ataques nominais e diretos contra os ministros Luís Roberto Barroso (ex-presidente do TSE), Edson Fachin (atual presidente do TSE) e Alexandre Moraes (ministro do STF).
Outro chefe de representação diplomática disse ao GLOBO que a base de seu relato será que Bolsonaro tentou desacreditar, mais uma vez, o sistema eleitoral brasileiro e voltou a ameaçar a democracia, ao atacar ministros dos tribunais. Segundo esse embaixador, o presidente brasileiro insistem em repetir teorias da conspiração.