O ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (Podemos), prepara-se para disputar o governo do Tocantins com a bandeira da mudança. Ele trabalha para formar uma grande frente de oposição.
Com fama de bom gestor, depois de duas administrações que mudaram a cara de Araguaína, Dimas foi também deputado federal, presidente do Sinduscon e da Federação das Indústrias do Tocantins. Em entrevista exclusiva ao Brasil24Horas, ele defende que com bons projetos e honestidade o Tocantins tem jeito. “Fizemos isso em Araguaína e dá para fazer no Tocantins inteiro”, afirma.
Brasil24Horas: O senhor tem uma carreira vitoriosa, com destaque para os dois mandatos como prefeito de Araguaína que foram transformadores para a cidade. Porque, agora, ser candidato a governador do Tocantins?
Ronaldo Dimas: O Tocantins vive um momento crítico. Governadores se sucedem, repetindo promessas, e o estado não avança. Aí você se pergunta: quem está lá hoje me representa? Quando essa resposta é sim, tudo bem. Vamos cuidar da vida. Mas quando é não, e hoje é não mesmo, quem tem responsabilidade pública tem que cair pra dentro e lutar para que a realidade seja mudada. Isso é o que me move. A necessidade de mudar completamente os rumos da governança no Tocantins.
Brasil24Horas: É possível fazer essa mudança num estado tão cheio de problemas e com tantos vícios políticos que se arrastam há quase duas décadas?
Dimas: Claro que sim. O Tocantins não perdeu seu potencial. Alguns governantes é que perderam a vergonha. Mesmo com todos os problemas do estado, em Araguaína nós mostramos que dá para fazer direito. Mudamos a infraestrutura da cidade, a saúde, fizemos o maior programa habitacional do norte do Brasil, impulsionamos o desenvolvimento e a renda. Foram mais de 80 mil empregos gerados. E dá para fazer no Tocantins inteiro, numa escala muito maior. Meu objetivo é esse: fazer pelo Tocantins o que fizemos por Araguaína. Construir um estado melhor, com vida melhor e respeito ao povo e ao dinheiro público.
Brasil24Horas: Começar por onde?
Dimas: O que mais aflige hoje nossa população é a saúde. Está um caos. Nem os profissionais conseguem trabalhar direito. Falta praticamente tudo. A estrutura de algumas unidades é caótica. O HGP, em Palmas, nunca funcionou adequadamente. É preciso botar os Hospitais de Pequeno Porte, que são municipais, para funcionar em parceria com o estado. Isso vai desafogar os hospitais de Palmas, Gurupi e Araguaína, que são os maiores. Depois, é desburocratizar a gestão dos hospitais, valorizar os profissionais. E acabar com a corrupção, que é o que faz da saúde do Tocantins uma doença.
Brasil24Horas: E dá pra fazer?
Dimas: Com muito menos recursos, nós mostramos em Araguaína que é possível. Porque fizemos com honestidade, seriedade e muito trabalho. No caso do Tocantins, primeiro tem que organizar, implantar um novo modelo. É preciso uma mudança de mentalidade, de prática de governança.
Brasil24Horas: E é essa a mudança que o senhor defende?
Dimas: Uma mudança de gestão. Dinheiro tem. Veja bem só um exemplo. Ao longo dessa gestão desastrosa foram pagos quase dois bilhões de reais de contas antigas. Ao mesmo tempo, foram represados todo e qualquer investimento. Saúde precária, as estradas acabaram. Mas se você vai ver o caixa do Estado, está gordo. Dois bilhões foram pagos de precatórios enquanto precisava pagar no máximo 250 milhões, que é o exigido pela legislação. Aí você pergunta, mas porque que pagou? Bom, aí tem maracutaia, né? Só pode ter. Só por aí a gente vê que tem dinheiro. E se a gente soma isso com firmeza na condução e não tem propina para ninguém, você tem mais recursos ainda. Então, com uma gestão firme, eficaz, honesta, o dinheiro aparece.
Brasil24Horas: O senhor teve pelo menos dois outros programas de destaque em Araguaína, na habitação e na geração de empregos. Dá para fazer igual no Estado?
Dimas: Dá para fazer numa escala muito maior. É difícil explicar porque o Tocantins não tem um projeto habitacional de peso. É pura falta de atitude, falta de capacidade gerencial. Um estado inerte. Na minha campanha em Araguaína, eu falava que iria fazer quatro mil casas. Poucos acreditavam. Fizeram até piadinhas. Pois bem, fizemos sete mil, quase o dobro. É claro que eu via isso como possibilidade real. Fui diretor da maior companhia de habitação da América Latina, sei que recursos existem e onde eles estão. Não tenho dúvida de que a gente pode implantar um programa habitacional que vai atender boa parte da população do Tocantins.
Dimas: Geração de emprego depende de o estado estar funcionando. Você vai ter atratividade se tiver a saúde funcionando, as estradas em boas condições, educação de qualidade. Tem que ter uma boa gestão e depois vamos fazer a outra parte, que é ir atrás dos investimentos. Foi isso que fizemos em Araguaína. O conhecimento com os empresários, com os investidores a gente tem, acesso eu tenho. Fui presidente da Fieto, diretor da Federação Nacional das Indústrias. Então o que precisa: sentir firmeza, segurança, que é o grande problema, porque hoje não tem isso. A gestão atual é ineficaz e não confiável. Aí o investidor não vem.
Brasil24Horas: Mais uma vez houve troca de governador no Tocantins, pelo afastamento do titular. Assumiu o vice, que já lança a candidatura. Não é a primeira vez, correto?
Dimas: Infelizmente é um filme que se repete. Entra governador, sai governador, mas o Tocantins real permanece a mesmo. Estradas esburacadas, saúde que não funciona, educação difícil, falta de emprego. No momento eleitoral, como agora, começa o pacote de bondades, o famoso trem da alegria. Prometem, prometem e depois não cumprem. Mas agora tem um problema adicional. O vice que está em exercício participou desse governo que foi afastado por corrupção, no primeiro e no segundo mandatos. Agora diz que não sabia de nada. Ficou junto o tempo todo, elogiava, era tudo bom e ótimo, participou de centenas de viagens e agora vem com essa de não sabia de nada. Conversa fiada. Mas o tocantinense está cansado disso. É borracha que a gente tem que passar, tirando essa gente que vem prejudicando o nosso estado, tornando o Tocantins uma piada nacional.
Brasil24Horas: Com tudo que tem acontecido no Tocantins, tanta corrupção, a gente ouve de pessoas do estado que o Tocantins não tem jeito. É isso mesmo? É pra jogar a toalha?
Dimas: De maneira nenhuma. É preciso fazer com que as pessoas acreditem que o Tocantins dá certo. É possível. Nós demonstramos isso numa cidade com um orçamento incomparavelmente menor. O Tocantins tem um orçamento de 12 bilhões, é um bilhão por mês. Mas um ponto é fundamental. O governante precisa querer realizar. Não dá para entrar para ser o governador para querer ganhar dinheiro. Isso é ridículo. Quer ganhar dinheiro, vai para a iniciativa privada. No governo, você é o servidor principal do seu povo. Tem que dar o exemplo. E tem que trabalhar com honestidade e bons projetos. Bons projetos mudam a vida das pessoas. O Tocantins é rico, tem potencial e tem jeito. Não dá para ter miséria no nosso estado e isso a gente muda com desenvolvimento, com emprego, com distribuição de renda. E é assim que eu quero ver o Tocantins. Por isso, estamos propondo uma mudança real, passar a borracha. É um novo jeito para fazer bem feito em favor das pessoas.
