O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez pouco caso do aumento da fome entre os brasileiros e afirmou que quem recebe R$ 400 mensais do Auxílio Brasil pode “até passar dificuldades, mas fome não passa”.
A declaração do senador, dada durante uma entrevista à CNN Brasil, contraria o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (8) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), que aponta que 33,1 milhões de brasileiros passam fome, um crescimento de quase 50% (14 milhões) em pouco mais de um ano.
Ele ainda tentou minimizar o avanço da fome no Brasil ao afirmar que muitas pessoas “passam dificuldades” por não ter acesso ao Auxílio Brasil. “Óbvio que tem pessoas que passam dificuldade, mas talvez por não ter ainda ter acesso a um programa social do governo que, sem dúvida nenhuma, ampararia essas pessoas”.
“O presidente Bolsonaro zerou os impostos federais que existem sobre arroz, feijão, zerou impostos de importação sobre os derivados do petróleo que vêm abastecer as nossas redes de postos. Quer dizer: o que está ao alcance dele ele está fazendo”, completou.
Ainda conforme o levantamento, mais da metade da população (58,7%) convive com algum tipo de insegurança alimentar em grau leve, moderado ou grave (de fome total). Essas condições afetam atualmente 125,2 milhões de brasileiros, um incremento de 7,2% em relação a 2020, início da pandemia de Covid-19. Segundo o estudo, a falta de alimentos alcança seis em cada dez domicílios do país e as populações das regiões Norte e Nordeste são as que mais sofrem com o problema.
Nesta quarta-feira (8), a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello usou as redes sociais para afirmar que o aumento da fome no Brasil está intimamente ligado ao golpe de 2016, que depôs a presidente Dilma Rousseff (PT), e ao desmonte de políticas públicas por parte dos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Veja o vídeo com o momento da declaração de Flávio Bolsonaro: